Eu minto tanto sobre tudo o que sinto
A todo momento, a cada instante, por trás de uma máscara que já não me serve mais.
É uma catástrofe sem precedentes.
Minto como quem se apaixona pela poesia da própria poesia que já não há,
Pois a beleza do outro é também a mentira nos olhos quem vê.
Uma correnteza forte invade o rio onde repouso os meus sonhos,
O movimento abrupto da natureza das palavras arrasta meu barco pra muito longe.
Vejo um anjo repousado na proa,
Ele se tinge de cores estranhas.
Uma serpente se enrola con-for-ta-vel-men-te nos meus pés.
Sinto o conforto do não confronto,
Do entregar-se a não sei lá o que,
Sinto as horas, os dias e as décadas sinceras.
Existe um muro, que separa o hoje do resto de mim,
E acho que sei tudo sobre ele.
Sou bastante sincero quanto as ilusões
E também aos muros.
Eu erro a cada segundo, erro com e sem razão,
Erro pois não sou anjo e nem serpente,
Erro pois não sou deus onipotente,
Luto contra a correnteza do tempo
Pois assim, erro.
marcelozorzeto