sexta-feira, 24 de junho de 2016

adeus é

adeus é pingo d´água nos olhos de quem fica
ou se vai por aí. pois a saudade é céu,
esse chão de pássaros,
testemunha do tempo, das horas, da noite,
madrugada e dia... e sou eu no mar,
a marejar, verter, derramar
os olhos em uma maré
de lágrimas frias e secas,
molhando as estrelas, que se dilaceram
e se despedem para virar pó.
adeus também sou eu, quando me for.
ou você quando partir...

marcelozorzeto

quarta-feira, 22 de junho de 2016

poesia e poema

poesia é o corte
é o sangue
e a costura da carne exposta
já um poema é essa cicatriz
que vez ou outra te esfrega na cara
esse estado de vulnerabilidade do ser.

marcelozorzeto

terça-feira, 21 de junho de 2016

domingo, 19 de junho de 2016

o sonho de Ícaro

e há tantos céus nesta terra ainda não habitados, inalcançáveis, que se vistos de bem perto, dizem, ainda são azuis. não tenho asas, não sou pardal e o avião é a nossa maior prepotência
-Ícaro, meu filho, desce já dessa sua arrogância!
voar é só pra quem não se julga deus de nada.

marcelozorzeto

segunda-feira, 13 de junho de 2016

poetas bem distintos

Quintana é poeta-passarinho,
fez ninho da sua poesia,
é um ser pra lá de eterno.
eu, um pateta-sem-caminho,
bebo vinho e tenho azia
e estou longe de ser moderno.

marcelozorzeto

a flecha

tudo que nos atravessa deixa um rastro
como a flecha que atinge o peito e vara o corpo santo, 
mas permanece 
inesquecível. a cicatriz que não se apaga.
visível, no eterno do tempo, aos olhos e almas de quem se fere.
a flecha é a vida.


marcelozorzeto

domingo, 12 de junho de 2016

ladrão de infâncias

é o tempo o maior ladrão de infâncias 
o devorador de quase todas as crianças
tento sim, não dançar conforme a sua música
hei de ser feliz no descompasso da sua canção
(dois pés esquerdos contra o tempo)
e a esperança são como as horas e dias que já se foram, escrevendo na pauta da história do que sou e de quem esteve ao meu lado a melodia desafinada da minha vida. tempo canção. tempo coração que para. tempo sim, tempo não.


marcelozorzeto
A liberdade é um arame farpado em volta do pescoço. Quanto mais nos achamos livres, mais fundo na carne ele vai. A liberdade é a carne do pescoço no arame.

marcelozorzeto
a monstruosidade é também humana. somos todos monstros em potencial.

marcelozorzeto

terça-feira, 7 de junho de 2016

feliz mesmo é a árvore
que dança com o vento
se banha com a chuva
e ainda recebe os passarinhos em casa para uma boa conversa de fim de tarde...

marcelozorzeto