quinta-feira, 29 de junho de 2017

coisa

já me achei bem pessoa
hoje me acho mais coisa
é pouco sútil a diferença
mas olha como soa
na primeira a vida é plena
na segunda ela é à toa.

marcelozorzeto
para o amar
transborde-se
em rio seco
é que não se navega

marcelozorzeto

terça-feira, 27 de junho de 2017

no fundo, no fundo, mas muitas vezes no raso também, todo mundo acredita estar certo e daí é esse pega pra capar desgastante onde ninguém tem razão e a tem ao mesmo tempo.

marcelozorzeto

trem pra itapevi

hoje no trem pra Itapevi
me vi sem direção andando no trilho
desprovido eu de qualquer brilho
no trilho do trem que eu não escolhi
o trem que me leva pra longe da vida
o trem que vai pra Itapevi.


marcelozorzeto

adoecer da noite

Quando só,
O sol amanhece o dia
E do outro lado da rua
Entristecida
A noite adoece, 
E um pouco atrevida
A lua traz a cura
Como se nem eu e nem você
Disso soubesse.


marcelozorzeto

domingo, 25 de junho de 2017

pastagem de carros

sob esse sol que frita os dias na capital, sol de pedra cinza,
amanheço no abrir barulhento do meu olhar ensurdecido.
é quente o asfalto pros meus pés descalçados,
pés modernos e fracos...
(não atravesso a avenida pois já me considero fraco pra essa vida)
e a boa grama? a boa grama virou pastagem de carros.

marcelozorzeto

terça-feira, 20 de junho de 2017

são paulo, 19 de junho de 2017

são paulo, 19 de junho de 2017. 22h35. calçada lado ímpar do largo do arouche. um  homem repousa sob uma marquise. sobre um chão gelado, uma caixa de papelão aberta lhe faz as vezes de cama. sobre o papelão, dorme profundamente seu corpo. será que sonha? quais os sonhos? será que come? será que sonha com o que não come? uma barata se assusta e em zigue-zague se esconde debaixo do cobertor que lhe aquece na noite fria de outono. entre o homem e o céu uma marquise. entre o homem e mim uma realidade que me congela.  ao dormir esta noite, não quero sonhar.

marelozorzeto



quinta-feira, 1 de junho de 2017

sobre a gente tanta pele morta
sob a pele tantos cadáveres esquecidos de morrer.

marcelozorzeto
por cima da pele estamos todos nus
por baixo dela estamos todos (os) nós...
e um coração a desatá-los.

marcelozorzeto