andando na avenida central desta capital de concreto, me deparo com a vitrine da loja modesta, paro e me olho no espelho, como todo bom Narciso, e me pego incompleto, surpreso e indiscreto aos olhos das pessoas que passam solitárias. num leito largo dessa mesma avenida, por onde passa um rio sólido de asfalto quente, pessoas atravessam, se olham, se esbarram, mas não se deixam atravessar... são corações que naufragam nessa maré dos desencontros e a solidão é uma espécie de busca por sobreviventes.
Santificados sejam nossos ofensores, assim como nós magoamos a quem nos tem perdoado.
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
sábado, 17 de dezembro de 2016
sinceridade
a sinceridade é a virtude de se dizer o que se sente e pensa. é uma espécie de mensurador de pureza da alma. geralmente isso só existe em crianças até 5 anos de idade e idosos a partir dos 80. ela também é um bom termômetro dos grandes encontros da vida, ter alguém sincero ao lado pode ser o toque de midas, raro, mas ocorre. Mas lembre-se: ser sincero não significa ser estúpido e rude. um grande viva as nossas dissimulações diárias.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
superfície
numa sociedade superficial, quando mais profundo você cavar, mais terra vai cair por cima de você. eis um buraco, frio, escuro e só seu...
marcelozorzeto
marcelozorzeto
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
notas sobre um presente não muito distante
eu não me conformo, mas também não me desespero mais, não tenho mais tempo nem cabelos pro desespero. ninguém os tem... da escuridão que existe dentro e fora de mim, eu enxergo a silhueta de corações aborrecidos e envelhecidos... e é pela lua insistir em nascer, mesmo tarde da noite, que muitas vezes me permito ver o contorno daquilo que acho ser o real. contornos impalpáveis, na fumaça dos pensamentos que nem sei mais se são os meus (certamente não são). quero recomeçar do zero, mas ninguém pode recomeçar do zero. é impossível... estamos todos muito viciados de meios e fins. o começo só é o verbo pra quem ainda não entendeu como se soletra a palavra vida. e é simples:
F-O-D-A-S-E
marcelozorzeto
F-O-D-A-S-E
marcelozorzeto
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
poema não poema
olha, nenhum poema é superfaturado.
nenhum poeta jamais aceitou propina.
não há máfia na poesia!
a poesia revela o mundo, não se esconde por detrás de ternos caros e desvios da verba da merenda escolar.
nenhum poeta jamais aceitou propina.
não há máfia na poesia!
a poesia revela o mundo, não se esconde por detrás de ternos caros e desvios da verba da merenda escolar.
marcelozorzeto
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
o jardim das borboletas
fugindo ele corre...
corre e entra às pressas num jardim qualquer,
aleatório e alienado
ele corre
corre e entra às pressas num jardim qualquer,
aleatório e alienado
ele corre
a grama é cinza-chumbo e as flores
de um estranho gás neon verde-bandeira
Lhe retiram o corpo,
lhe roubam a carcaça,
a gravidade lhe arremessa,
recebe carícias deturpadas de coturnos grossos e indignos,
é outono e todas as borboletas estão mortas,
estranhamente mortas por uma espécie de crucificação.
de um estranho gás neon verde-bandeira
Lhe retiram o corpo,
lhe roubam a carcaça,
a gravidade lhe arremessa,
recebe carícias deturpadas de coturnos grossos e indignos,
é outono e todas as borboletas estão mortas,
estranhamente mortas por uma espécie de crucificação.
marcelozorzeto
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
sobre a arte e suas formas de expressá-la
daí eu tenho um discurso, político, poético, político-poético, político-poético-social potente em sua forma de expressão, contra as tiranias do mundo inteiro. daí eu quero ou gostaria que todos o ouvissem (o discurso), mas então eu cobro pra discursar. e cobro caro. inviabilizo o acesso e ele (o discurso). apenas tentando entender...
marcelozorzeto
domingo, 4 de dezembro de 2016
meus poemetas
não sou eu quem escrevo os meus poemetas metidos a besta... a propósito, eu malemá sei escrever. palavras são pra mim como pássaros, eu só as escuto - não ouso entendê-las. desisti, há tempos, de questioná-las. ao contrário do que um dia alguém pode ter pensado, são eles, os poemetas, que me rascunham, reinventam o que sou, reescrevem meu significado por linhas invisíveis e entregam aos meus caros inimigos, minha cabeça numa bandeja de 1,99.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
sábado, 3 de dezembro de 2016
sábias-laranjeira
pode deixar o vento burilar na sua pele, minha estrela-menina do mar. pode beijar o sol, com lábios de caracol, meu pequeno menino cor-de-terra, mas permita que o amor-sangue-nosso, mangue-aço-etílico, nos embriague da cabeça aos tantos pés entrelaçados na grama do belo brincar. veste lua, o seu pijama de prata, e nos convida pra valsa das suas fases perfeitas, pois a madrugada, a mansa e morosa madrugada, é um bom lugar pra se esconder da morte, entre os muitos sonhos e o canto dos sábias-laranjeira.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
terça-feira, 29 de novembro de 2016
sábado, 26 de novembro de 2016
a ver nuvens
eles, os poetas, estão sempre exilados em suas mais ridículas fantasias e alucinações de perfeição em palavras. num mundo visível somente aos olhos e corações, eles, os poemas, são como as nuvens. há quem as olhe e veja elefantes ou coelhos, há quem veja apenas nuvens e há quem nunca olhe para o céu.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
a liberdade dos passarinhos
a gente, enquanto sociedade vive aprisionado. são celas em que nos colocam e a gente nem percebe o encarceramento. pro amor de fato acontecer, é preciso liberdade. mas a liberdade é a tomada de consciência de que se está preso, pois todo passarinho que é criado em gaiola, acredita de fato que voar é uma doença. e a gaiola também não tem culpa, pois a ela só lhe foi ensinado o aprisionamento.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
domingo, 20 de novembro de 2016
o tempo
meu corpo é o tempo que se deteriora em mim. a cronologia de uma vida datada. e o amor que acho que sinto pelas pessoas e pelas horas é apenas uma das formas de se estender na eternidade.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
sábado, 19 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
simples
quais são as vontades de se ter virtudes?
quais são as vertigens de ser vantagens?
se você pensa em pular, pula... vai, não faz cena!
o mundo não é fim, é meio! e o amor é bem mais simples que fazer poema...
e eu não sei nada dos três - do mundo, do amor e de poemas.
e é bem simples não saber, o bonito é sempre simples.
sempre.
marcelozorzeto
quais são as vertigens de ser vantagens?
se você pensa em pular, pula... vai, não faz cena!
o mundo não é fim, é meio! e o amor é bem mais simples que fazer poema...
e eu não sei nada dos três - do mundo, do amor e de poemas.
e é bem simples não saber, o bonito é sempre simples.
sempre.
marcelozorzeto
sábado, 12 de novembro de 2016
amanhecer
Hoje fui eu que amanheci o dia. Excesso de zelo com a lua eu acho, que agora dorme numa caixa de sapato.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
dias de febre
não são dias fáceis esses de febre intermitente. a cabeça pesa. o corpo enxarca. o ar viciado do apartamento me causa uma abrupta vontade de querer apenas repousar. o corpo quer paz e descanso da dor. é madrugada novamente. um sábia me desafia e invariavelmente me alegra. estou sendo muito bem cuidado eu sei. anjos existem.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
terça-feira, 8 de novembro de 2016
versinho da madrugada
não se comove um coração de pedra
sem antes ser água corrente
o amor que passa pelas artérias
é sem dúvida, o rio mais eloquente,
derruba o concreto, cava fundo na terra
faz germinar qualquer semente.
sem antes ser água corrente
o amor que passa pelas artérias
é sem dúvida, o rio mais eloquente,
derruba o concreto, cava fundo na terra
faz germinar qualquer semente.
marcelozorzeto
sábado, 5 de novembro de 2016
soneto
repousa o orvalho por sobre os jardins,
sereno, enquanto ainda dorme o dia.
de folha em folha, acordam os jasmins,
suas pétalas, suas flores, melodia.
devagar a luz do sol toma as rédeas,
iluminando com cores, os campos.
o tempo e a vida pairam entre orquídeas,
ao som dos passarinhos, pirilampos.
passa o dia e a tarde chegando vem
e traz do infinito o escuro no céu.
o brilho das estrelas ilumina
a noite, com seu vaidoso véu.
madrugando a beleza na retina
jaz a vida no incerto do além.
sereno, enquanto ainda dorme o dia.
de folha em folha, acordam os jasmins,
suas pétalas, suas flores, melodia.
devagar a luz do sol toma as rédeas,
iluminando com cores, os campos.
o tempo e a vida pairam entre orquídeas,
ao som dos passarinhos, pirilampos.
passa o dia e a tarde chegando vem
e traz do infinito o escuro no céu.
o brilho das estrelas ilumina
a noite, com seu vaidoso véu.
madrugando a beleza na retina
jaz a vida no incerto do além.
marcelozorzeto
domingo, 30 de outubro de 2016
enxergar o óbvio
quando você estiver em qualquer lugar, tente enxergar o que não está lá, pois enxergar o que está é muito óbvio.
sábado, 15 de outubro de 2016
empatia
Empatia é abraçar quem nos odeia, daí sim começa o papo sobre o que é amor. O resto é conveniência e comodidade.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
espanar
sei que tem gente que nunca limpa a poeira que fica por cima dos móveis, e respeito isso. é uma espécie de necessidade de se criar uma cola feita de tempo, que fique aparente aos olhos, que nos grude ao passado. uma evidência física de vida. o que a maior parte não tem consciência é que muito desse pó, somos nós mesmos. e às vezes precisamos nos espanar.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
insônia
um poema pra mim é como a noite
só enxerga quem não dorme
há sempre um sol na minha insÔnia
gosto muito de tons menores e sonhos de creme.
marcelozorzeto
só enxerga quem não dorme
há sempre um sol na minha insÔnia
gosto muito de tons menores e sonhos de creme.
marcelozorzeto
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
idades
sou caule e sou fruto, sou folha e também raiz. ao chegar o outono, uma parte de mim despenca suave como a morte tem que ser; mas é tempo de flores e eu as entrego à primavera como promessa de um breve renascimento. brinco, sou galhos entre os ventos e germino discreto entre o orvalho fresco de cada manhã. passo entre estações e trago guardado comigo, ainda entre dentes e dedos, toda terra que um dia à luz me trouxe. sou deus-mãe do que sou e sei, e guardião dessa verdade insana que é minha própria finitude. por isso tenho aprendido a prezar o tempo. respeito o passado do tempo. na floresta dos meus dias, chove torrencialmente. e as nuvens são como os olhos, que transbordam só pelo prazer de molhar o chão e assistir à semente se tornar vida.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
inútil sutura
um monumento em erupção
num momento de ruptura
assim que explode o coração
é mais que inútil a sutura.
marcelozorzeto
num momento de ruptura
assim que explode o coração
é mais que inútil a sutura.
marcelozorzeto
Tudo que sei é que meu canto é bastante impreciso e muitas vezes não diz o que acho que penso, então me afundo em frases de areia movediça. Caótico.
Nasci pra ser santo de casa, eu sei. Sou o filho pródigo que não vai nunca voltar pra casa. Quebrando a profecia. Aí, quando eu menos espero, numa dessas esquinas, sou surpreendido por um afago verdadeiro e isso me traz de volta pra terra.
Muitas vezes o tiro que te pega de raspão, é mesmo que acerta em cheio quem passava atrás. E de quem é a sorte afinal? Então alguém te abraça, sorri e te pede pra cantar. Esse alguém apenas finge te ouvir. Apenas finge, pois sabe que eu desafino.
marcelozorzeto
poemas e lágrimas
O meu barco num mar em desalinho com o tempo. Mar que sempre me pede pra ficar. Levantar âncora, o relógio mostra por onde a saudade navega, e pq nunca volta ao mesmo porto. Adeus é pingo d'agua nos olhos que ficam ou se vão por aí. Lágrimas são reticências e cada semblante um poema já escrito...
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
sobre erros e imperfeições
pra que algo fique de verdade, permaneça como esse quase-eterno ser que quase sempre queremos ser, deve-se partir muito antes do término, não dar tempo de se tornar perfeito. pasteu- rizado. higiênico. patriota. para ser perfeito, é necessário tomar a morte como metáfora... hoje vi um passarinho morto debaixo de uma árvore, ele dormia tão tranquilo, como se fosse eu na hora da raiva.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
domingo, 4 de setembro de 2016
infinitos
tudo que sei é que há dois infinitos que nos cercam, um antes e um depois, e no meio de tudo isso tem um troço chamado vida que é foda em todos os sentidos imagináveis.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
crônicos
com a pele já toda encharcada de esperança, ele atravessou o asfalto, entrou no bar e em pé no balcão, pediu uma dose dupla de paciência,
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
terça-feira, 23 de agosto de 2016
poema fluxo
ontem, veio até mim uma palavra vaga trazida pela brisa da primeira manhã
úmida e leve como o amor de uma criança
a água, com seu som incurável de chuva a diluiu forte e breve
e fez dela correnteza
a caminho do mar
esse poema fluxo
leite de rio
leito de mãe.
úmida e leve como o amor de uma criança
a água, com seu som incurável de chuva a diluiu forte e breve
e fez dela correnteza
a caminho do mar
esse poema fluxo
leite de rio
leito de mãe.
marcelozorzeto
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
sábado, 20 de agosto de 2016
na avenida
pois não é que todo bom samba fala da minha tristeza
do meu gingado desafinado na avenida
e dos meus passos desencontrados em direção à apoteose.
lágrimas de cuíca e de cavaco, e sorrisos de pandeiro...
do meu gingado desafinado na avenida
e dos meus passos desencontrados em direção à apoteose.
lágrimas de cuíca e de cavaco, e sorrisos de pandeiro...
marcelozorzeto
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
todo poema é
cuidado, todo poema é uma carta de autodestruição
abre-se demais as portas da casa, escancara-se ao verbo
vulnerabilidade da carne, dos ossos, do peito
em demasia desprotege-se, vira alvo fácil
todo poeta é um suicida-social
escrita sobrevida, deixa-se morrer
revela-se, cai do céu
todo poema rompe um pacto
onde a verdade não é permitida
e atirar-se da janela é muito, muito provável
todo poema é um arranha-céu de onde me atiro
o corpo que cai é de verdade (a única verdade)
é poesia em forma de vento.
marcelozorzeto
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
poema estéril
eis aqui, poema estéril em terra infértil,
fogo morto em palavras, espalhado pelo chão
eis aqui, poema em cinzas, lama e morte,
saudade em chamas, um poema-oração
destempero em minha carne, noite espessa,
azul-saudade, ser José ou ser João
fogo morto em palavras, espalhado pelo chão
eis aqui, poema em cinzas, lama e morte,
saudade em chamas, um poema-oração
destempero em minha carne, noite espessa,
azul-saudade, ser José ou ser João
eis aqui um não-poema fingindo ser de fato aquilo que não é
exposto ao escárnio, planta o ódio, e diz que ama em traição
pele em rugas, frases mortas, altar torto em minha anti-fé
escancara sua face, abre o peito e renasce em meu perdão.
exposto ao escárnio, planta o ódio, e diz que ama em traição
pele em rugas, frases mortas, altar torto em minha anti-fé
escancara sua face, abre o peito e renasce em meu perdão.
quinta-feira, 28 de julho de 2016
inventários
minhas muitas quase vitórias, não-sei-quantos-não-amores-perdidos, minhas infinitas semi-ausências ou semi-presenças e dezenas de verdades absolutas duvidosas e incuráveis apenas contemplam de longe a sombra do que não fui e minha improvável felicidade. aparando arestas. retirando as rebarbas
eu me sobro no meio de todo escombro e me assombro sempre no mesmo lugar.
marcelozorzeto
eu me sobro no meio de todo escombro e me assombro sempre no mesmo lugar.
marcelozorzeto
terça-feira, 26 de julho de 2016
confissões de um adolescente quarentão
querido diário
não dá pra se arrepender dos erros que você cometeu no passado, até porque a pessoa que você é hoje é 87,3% diferente daquele você de 10, 15 anos atrás... Ok, esqueçamos os remorsos e arrependimentos por isso, mas se daí você hoje, ainda comete os mesmos erros daquela época, aí meu irmão, você é um grande babaca... (falando por mim).
marcelozorzeto
sexta-feira, 22 de julho de 2016
pela janela do tempo
pela janela do tempo, eu vejo a vida ficando pra trás
pessoas que passam pra nunca mais no meu olhar atento...
casas tortas, flores murchas, ruínas mortas de uma cidade que também sou eu
entretanto tudo, um dia, para,
o canto dos pássaros,
um coração que ama,
um olhar sincero;
e num movimento abrupto o agora se interrompe
e num momento, antes ininterrupto
congelo no instante de um segundo qualquer
se antes aqui, contemplo agora o horizonte daquilo que um dia fui.
marcelozorzeto
pessoas que passam pra nunca mais no meu olhar atento...
casas tortas, flores murchas, ruínas mortas de uma cidade que também sou eu
entretanto tudo, um dia, para,
o canto dos pássaros,
um coração que ama,
um olhar sincero;
e num movimento abrupto o agora se interrompe
e num momento, antes ininterrupto
congelo no instante de um segundo qualquer
se antes aqui, contemplo agora o horizonte daquilo que um dia fui.
marcelozorzeto
domingo, 3 de julho de 2016
viver
viver é um morrer e nascer diário
às vezes simultâneo, às vezes não
tem dias em que só morremos
e há outros em que se vive plenamente
e em ambos os casos chega-se ao mesmo lugar,
às vezes simultâneo, às vezes não
tem dias em que só morremos
e há outros em que se vive plenamente
e em ambos os casos chega-se ao mesmo lugar,
marcelozorzeto
sexta-feira, 24 de junho de 2016
adeus é
adeus é pingo d´água nos olhos de quem fica
ou se vai por aí. pois a saudade é céu,
esse chão de pássaros,
testemunha do tempo, das horas, da noite,
madrugada e dia... e sou eu no mar,
a marejar, verter, derramar
os olhos em uma maré
de lágrimas frias e secas,
molhando as estrelas, que se dilaceram
e se despedem para virar pó.
adeus também sou eu, quando me for.
ou você quando partir...
marcelozorzeto
ou se vai por aí. pois a saudade é céu,
esse chão de pássaros,
testemunha do tempo, das horas, da noite,
madrugada e dia... e sou eu no mar,
a marejar, verter, derramar
os olhos em uma maré
de lágrimas frias e secas,
molhando as estrelas, que se dilaceram
e se despedem para virar pó.
adeus também sou eu, quando me for.
ou você quando partir...
marcelozorzeto
quarta-feira, 22 de junho de 2016
poesia e poema
poesia é o corte
é o sangue
e a costura da carne exposta
já um poema é essa cicatriz
que vez ou outra te esfrega na cara
esse estado de vulnerabilidade do ser.
é o sangue
e a costura da carne exposta
já um poema é essa cicatriz
que vez ou outra te esfrega na cara
esse estado de vulnerabilidade do ser.
marcelozorzeto
terça-feira, 21 de junho de 2016
domingo, 19 de junho de 2016
o sonho de Ícaro
e há tantos céus nesta terra ainda não habitados, inalcançáveis, que se vistos de bem perto, dizem, ainda são azuis. não tenho asas, não sou pardal e o avião é a nossa maior prepotência
-Ícaro, meu filho, desce já dessa sua arrogância!
voar é só pra quem não se julga deus de nada.
marcelozorzeto
-Ícaro, meu filho, desce já dessa sua arrogância!
voar é só pra quem não se julga deus de nada.
marcelozorzeto
segunda-feira, 13 de junho de 2016
poetas bem distintos
Quintana é poeta-passarinho,
fez ninho da sua poesia,
é um ser pra lá de eterno.
eu, um pateta-sem-caminho,
bebo vinho e tenho azia
e estou longe de ser moderno.
marcelozorzeto
fez ninho da sua poesia,
é um ser pra lá de eterno.
eu, um pateta-sem-caminho,
bebo vinho e tenho azia
e estou longe de ser moderno.
marcelozorzeto
a flecha
tudo que nos atravessa deixa um rastro
como a flecha que atinge o peito e vara o corpo santo,
mas permanece
inesquecível. a cicatriz que não se apaga.
visível, no eterno do tempo, aos olhos e almas de quem se fere.
a flecha é a vida.
marcelozorzeto
como a flecha que atinge o peito e vara o corpo santo,
mas permanece
inesquecível. a cicatriz que não se apaga.
visível, no eterno do tempo, aos olhos e almas de quem se fere.
a flecha é a vida.
marcelozorzeto
domingo, 12 de junho de 2016
ladrão de infâncias
é o tempo o maior ladrão de infâncias
o devorador de quase todas as crianças
tento sim, não dançar conforme a sua música
hei de ser feliz no descompasso da sua canção
(dois pés esquerdos contra o tempo)
e a esperança são como as horas e dias que já se foram, escrevendo na pauta da história do que sou e de quem esteve ao meu lado a melodia desafinada da minha vida. tempo canção. tempo coração que para. tempo sim, tempo não.
marcelozorzeto
o devorador de quase todas as crianças
tento sim, não dançar conforme a sua música
hei de ser feliz no descompasso da sua canção
(dois pés esquerdos contra o tempo)
e a esperança são como as horas e dias que já se foram, escrevendo na pauta da história do que sou e de quem esteve ao meu lado a melodia desafinada da minha vida. tempo canção. tempo coração que para. tempo sim, tempo não.
marcelozorzeto
terça-feira, 7 de junho de 2016
terça-feira, 31 de maio de 2016
desaprendendo a viver
estou desaprendendo a viver, aos poucos, pra não traumatizar
-sempre quis, mas nunca soube ser pássaro
voar é pra quem tem doce nas asas e algodão nos pés
já eu, sou como o chumbo e as palavras me pesam
afundo-me em poesia-movediça
areia nos meus olhos é verbo
esse refresco da morte.
marcelozorzeto
-sempre quis, mas nunca soube ser pássaro
voar é pra quem tem doce nas asas e algodão nos pés
já eu, sou como o chumbo e as palavras me pesam
afundo-me em poesia-movediça
areia nos meus olhos é verbo
esse refresco da morte.
marcelozorzeto
domingo, 29 de maio de 2016
sangrar
é tão incerta a distância entre aquilo que posso e o que quero. um mês. uma vida. uma alma e meia.
por isso essa coisa de sangrar toda vez que escrevo às tripas...
despudoradamente rasgado, sangro.
é como se renascesse na necessidade cruel e vital
de se transbordar no imponderável da palavra.
por isso essa coisa de sangrar toda vez que escrevo às tripas...
despudoradamente rasgado, sangro.
é como se renascesse na necessidade cruel e vital
de se transbordar no imponderável da palavra.
marcelozorzeto
quarta-feira, 18 de maio de 2016
viúvo do mar
ontem estive na praia
calor infernal
havia lá um senhor de gravata e paletó
perguntei o porquê
ele disse: sou um viúvo do mar
calor infernal
havia lá um senhor de gravata e paletó
perguntei o porquê
ele disse: sou um viúvo do mar
marcelozorzeto
terça-feira, 17 de maio de 2016
segunda-feira, 16 de maio de 2016
terça-feira, 10 de maio de 2016
sábado, 7 de maio de 2016
um poema pousou
esta manhã presenciei o exato momento em que um poema, todo prosa, pousou no parapeito do prédio vizinho
e da minha janela pude admirá-lo, assim, de longe
intocavelmente belo!
era um poema de Bandeira
com as asas de Drummond
voou como se de mim zombasse,
eu sorri e voei atrás dele.
marcelozorzeto
e da minha janela pude admirá-lo, assim, de longe
intocavelmente belo!
era um poema de Bandeira
com as asas de Drummond
voou como se de mim zombasse,
eu sorri e voei atrás dele.
marcelozorzeto
sexta-feira, 6 de maio de 2016
os laços
no papel de embrulho amassado
sobre a mesa percebi
como são frágeis os laços em volta
do presente, do destino
e das pessoas.
marcelozorzeto
sobre a mesa percebi
como são frágeis os laços em volta
do presente, do destino
e das pessoas.
marcelozorzeto
quinta-feira, 28 de abril de 2016
vazio
o vazio que consome a ausência daquilo que ainda não tenho, é o mesmo vazio que preenche a ilusão de ter aquilo que já conquistei.
segunda-feira, 25 de abril de 2016
efêmero
há muito da minha morte ao sentir saudades de alguém que já se foi. pois o tempo é a chama que consome o ar e exige o efêmero de todos nós. um adeus ao ontem de sempre que é sempre morte. a minha ressurreição se dá em abraços absurdamente sinceros, sempre raros. a minha única possibilidade do eterno é o silêncio que faço pra ouvir o coração de quem tenho em meus braços.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quinta-feira, 14 de abril de 2016
transição
primeiro o amor
é a vida
sou criança
é o tempo
é a vida
sou criança
é o tempo
então tudo é noite
é partida
há saudade
o lamento
é partida
há saudade
o lamento
marcelozorzeto
terça-feira, 12 de abril de 2016
um chute no saco
em mim, um poema é como um chute no saco
quando pega em cheio eu me contorço no chão, chego a perder o ar, me faz até lembrar da existência divina... e se não pegar, não acontece nada!
quando pega em cheio eu me contorço no chão, chego a perder o ar, me faz até lembrar da existência divina... e se não pegar, não acontece nada!
marcelozorzeto
cuidado com o cão
a palavra que nos fere sai da nossa própria boca
verbo-projétil perdido no espaço procurando um alvo
a palavra que nos mata, é ego de certeza lasciva
um ser esférico atento em ódio por lados desiguais
verbo-projétil perdido no espaço procurando um alvo
a palavra que nos mata, é ego de certeza lasciva
um ser esférico atento em ódio por lados desiguais
a palavra que enterra, é hipócrita, crisálidas dóceis
sobre o vermelho viscoso que coagula nas artérias de deus
a palavra redenção nasce e morre em prantos de uma poesia anoréxica
nesse insalubre ar que eu respiro, e que em raro espanto extingue-se bem diante da minha miséria
sou eu mesmo o meu melhor antipoema.
sobre o vermelho viscoso que coagula nas artérias de deus
a palavra redenção nasce e morre em prantos de uma poesia anoréxica
nesse insalubre ar que eu respiro, e que em raro espanto extingue-se bem diante da minha miséria
sou eu mesmo o meu melhor antipoema.
marcelozorzeto
domingo, 10 de abril de 2016
cateterismo poético
tentou botar o coração inteiro nas palavras de seu verso
não aguentou, teve um infarto fulminante de poesia
...desfibrilador para as amarguras em 1, 2 ,3...
abre-se o peito às pressas, marca-passo em verso e prosa
é o amor tentando desentupir as artérias
...desfibrilador para as amarguras em 1, 2 ,3...
cateterismo poético para o ódio cardíaco
pontes de safena pra se safar de tanta caretice
-mas não se safa!
ouve-se um "piiiii" continuo...
marcelozorzeto
não aguentou, teve um infarto fulminante de poesia
...desfibrilador para as amarguras em 1, 2 ,3...
abre-se o peito às pressas, marca-passo em verso e prosa
é o amor tentando desentupir as artérias
...desfibrilador para as amarguras em 1, 2 ,3...
cateterismo poético para o ódio cardíaco
pontes de safena pra se safar de tanta caretice
-mas não se safa!
ouve-se um "piiiii" continuo...
marcelozorzeto
sábado, 9 de abril de 2016
sexta-feira, 1 de abril de 2016
tempo rio
passo pelo tempo como um rio pelo seu leito
caudalosamente e tenro
escorro por horas estreitas e xícaras de café amargo
sou como a água no fluir dos meus sonhos e tenho a flor da morte dentro do peito
corre dentro de mim sangue, inverno, margem, além de solidão
estanco os pensamentos vis, me desespero na razão dos fatos guardados do amanhã
o meu navegar nesta vida, senhora, é sem direção
no encontro com as águas do mar torno-me eterno e plácido.
marcelozorzeto
caudalosamente e tenro
escorro por horas estreitas e xícaras de café amargo
sou como a água no fluir dos meus sonhos e tenho a flor da morte dentro do peito
corre dentro de mim sangue, inverno, margem, além de solidão
estanco os pensamentos vis, me desespero na razão dos fatos guardados do amanhã
o meu navegar nesta vida, senhora, é sem direção
no encontro com as águas do mar torno-me eterno e plácido.
marcelozorzeto
quinta-feira, 31 de março de 2016
o reino onde eu moro
Moro num reino tão cheio de gente. tão cheio de lixo - sou bicho
tem gente no lixo. e lixo na gente - enchente
concreto armado, arame farpado no muro - perjuro
e armada é a cama pro corpo que morre no chão da calçada - velada
coberto de caixas de papelão - sou cão
abundante é a oferta de pão dormido - futuro
"fudido"
a miséria é armada no vão do concreto - excreto
e o lixo é o banquete no banco da praça - desgraça
país-ficção fricção social no coreto - meu reto
a igreja condena. a justiça, gangrena. o estado é laico e crônico - irônico
a carne rachada na sola do pé - tem verme do bucho, sarjeta é luxo no nicho da fé.
e a gente invisível na fome da praça se abraça velando o defunto - no agora
pois o tempo não infere se é dia,
se é tarde,
ou se é noite - aurora.
marcelozorzeto
tem gente no lixo. e lixo na gente - enchente
concreto armado, arame farpado no muro - perjuro
e armada é a cama pro corpo que morre no chão da calçada - velada
coberto de caixas de papelão - sou cão
abundante é a oferta de pão dormido - futuro
"fudido"
a miséria é armada no vão do concreto - excreto
e o lixo é o banquete no banco da praça - desgraça
país-ficção fricção social no coreto - meu reto
a igreja condena. a justiça, gangrena. o estado é laico e crônico - irônico
a carne rachada na sola do pé - tem verme do bucho, sarjeta é luxo no nicho da fé.
e a gente invisível na fome da praça se abraça velando o defunto - no agora
pois o tempo não infere se é dia,
se é tarde,
ou se é noite - aurora.
marcelozorzeto
sexta-feira, 18 de março de 2016
um dia de cada vez
estou aprendendo a sofrer um dia de cada vez. viver de fato é apenas para os de estômago forte. meu conto de fadas aponta agora uma direção diferente na bússola. estou triste, mas não sou infeliz. tenho amigos. dois ou três talvez. quem sabe quatro até? quantidade nunca foi meu forte. e lhes digo uma coisa, se a morte é perigosa, imagina a vida... essa noite sonhei ter asas, mas o voo era improvável, pois para voar precisava ter coragem e eu não tinha. atrofiaram. As asas.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
sexta-feira, 11 de março de 2016
o reduto dos fracos
o ódio é o reduto dos fracos. e somos todos fracos. muito fracos. uns mais outros menos, mas fracos.
dizer que ama é só pra quem tem sangue nos olhos e não nas mãos.
marcelozorzeto
dizer que ama é só pra quem tem sangue nos olhos e não nas mãos.
marcelozorzeto
quinta-feira, 10 de março de 2016
mini crônicas crônicas
passando pela calçada escura, quase chegando em casa, havia uma pilha de sacos de lixo. Percebi que se mexiam. quando um homem, isso um Homem, saiu de repente do meio deles e esbarrou em mim. tomei um susto. Ele: -desculpa se te assustei. eu também me assusto às vezes.
marcelozorzeto
quarta-feira, 9 de março de 2016
ponto de tangência
as pessoas tem suas razões para serem cruéis? tem.
um copo de ácido aqui, um punhal afiado acolá.
são maneiras de enxergar a vida JZé. São maneiras de vivê-las em sua plenitude. A paz é uma encomenda que caiu do caminhão de entrega. É triste ver quem fica na janela a esperar.
É desesperador. E o desespero é cruel. Eis o ponto de tangência.
marcelozorzeto
um copo de ácido aqui, um punhal afiado acolá.
são maneiras de enxergar a vida JZé. São maneiras de vivê-las em sua plenitude. A paz é uma encomenda que caiu do caminhão de entrega. É triste ver quem fica na janela a esperar.
É desesperador. E o desespero é cruel. Eis o ponto de tangência.
marcelozorzeto
sexta-feira, 4 de março de 2016
diluição de tempo
Há anos ela tem se diluído no tempo, arrastando as sandálias no asfalto quente de uma cidade vazia. Sua vida solúvel se dissolvendo num copo cheio de horas e insanidade. O tempo é como o açúcar que gruda no fundo do copo.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
enchente
é uma sensação cinza essa
de amizade incompleta
pela metade
de abraço frouxo
calça de palhaço envelhecida
de saudade histérica
saudade-boca-pra-fora
que não se consome
acho que deve ser o excesso de janela que causa isso
tem muito cimento no meu sangue
estou ficando impermeável
se chover
transbordo
e lá vem a enchente...
marcelozorzeto
de amizade incompleta
pela metade
de abraço frouxo
calça de palhaço envelhecida
de saudade histérica
saudade-boca-pra-fora
que não se consome
acho que deve ser o excesso de janela que causa isso
tem muito cimento no meu sangue
estou ficando impermeável
se chover
transbordo
e lá vem a enchente...
marcelozorzeto
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
grama
sou como um burro no pasto
preciso de grama
preciso de lastro
pés fincados na terra
sombra de árvore
longe da guerra
quero paz.
marcelozorzeto
preciso de grama
preciso de lastro
pés fincados na terra
sombra de árvore
longe da guerra
quero paz.
marcelozorzeto
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
poema marginal
ontem a tarde durante a tempestade de verão na capital
eu resvalei num poema que flutuava
na enchente da Marginal
boiávamos os dois, tranquilos, mas perplexos,
na correnteza de águas turvas, que girava numa espiral
eu e o poema, o poema e eu...
olhávamos o céu
num momento sem igual...
marcelozorzeto
eu resvalei num poema que flutuava
na enchente da Marginal
boiávamos os dois, tranquilos, mas perplexos,
na correnteza de águas turvas, que girava numa espiral
eu e o poema, o poema e eu...
olhávamos o céu
num momento sem igual...
marcelozorzeto
simples
o salto da criança
que dança no sofá da sala
(a cor do sofá não sei)
anjo sem asas
a casa é só alegria
o tempo pára pra ver
a vida observa o tempo
tem sorriso
liberdade
tem amor
a criança é a poesia.
marcelozorzeto
que dança no sofá da sala
(a cor do sofá não sei)
anjo sem asas
a casa é só alegria
o tempo pára pra ver
a vida observa o tempo
tem sorriso
liberdade
tem amor
a criança é a poesia.
marcelozorzeto
domingo, 31 de janeiro de 2016
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
e se quiséssemos tudo à nossa maneira? do nosso jeito?
e queremos? e se são mais de sete bilhões de maneiras e caprichos?
diferentes entre si.
mas sempre a ordem se faz de cima pra baixo. vozes são caladas em detrimento do caos das vaidades estéreis. estéricas. não calar-se é cultivar um campo de girassóis. dar as costas ao vento e sempre olhar o único astro que me guia. não gritar de volta. deus Rá.
e queremos? e se são mais de sete bilhões de maneiras e caprichos?
diferentes entre si.
mas sempre a ordem se faz de cima pra baixo. vozes são caladas em detrimento do caos das vaidades estéreis. estéricas. não calar-se é cultivar um campo de girassóis. dar as costas ao vento e sempre olhar o único astro que me guia. não gritar de volta. deus Rá.
marcelozorzeto
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
o futuro
primeiro a gente espera
então ele chega
e logo já passa
o futuro
é mesmo bem sem graça
marcelozorzeto
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
honestidade
ser honesto consigo mesmo implica várias variáveis, quase sempre aquém da nossa capacidade de avaliar os fatos, pois a gente vive se enganando por questões que muitas vezes estão muito mais profundas do que a nossa percepção da verdade pode realmente enxergar. é um auto conhecer-se continuo e corajoso.
agora ser honesto com o outro envolve moral, ética e uma bela dose de vergonha na cara, tem a ver também com enganar-se, mas num nível canalha, é o mal caratismo adquirido e isso é inadmissível pra mim.
marcelozorzeto
agora ser honesto com o outro envolve moral, ética e uma bela dose de vergonha na cara, tem a ver também com enganar-se, mas num nível canalha, é o mal caratismo adquirido e isso é inadmissível pra mim.
marcelozorzeto
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
são paulo
são paulo é a renascidade do construcimento
um concretário de confinitudes
urbana cripta
enigmagnitude
cinzentação e esgotamento
nenhum rio e dois céus.
marcelozorzeto
um concretário de confinitudes
urbana cripta
enigmagnitude
cinzentação e esgotamento
nenhum rio e dois céus.
marcelozorzeto
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
está lá um poema parado na esquina
esta lá um poema parado na esquina, é madrugada, os carros passam, muitos carros, todos olham, ninguém cobiça, ninguém pergunta quanto é. todos tem medo daquele poema, ninguém o entende, então o julgam - alguém atira uma pedra, a pedra atinge o poema em cheio, o poema agora sangra na testa, o poema continua parado na esquina, o poema agora sangra e atesta, o poema agora sangra, o poema tem sangue - o poema também tem testa - o poema chora - em silêncio. o poema espera alguém. um (a) poeta talvez. a poeta e o poema... o poeta que não vem. não virá. a chuva é forte agora. o poema agoniza no agora do meio fio. cai no chão da calçada - chuva e sangue no agora - o poema não resiste. o poema vira poesia. não há Céu para poemas.
marcelozorzeto
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
rebelião
um dia todas as palavras vão se rebelar
greves de crase
crises de acentos graves
haverá motins de frases
verbos amotinados nos conjugando
ao invés da gente num blá blá blá sem coração
greves de crase
crises de acentos graves
haverá motins de frases
verbos amotinados nos conjugando
ao invés da gente num blá blá blá sem coração
sujeitos não se sujeitando
predicados sem a devida liberdade
se libertando
a palavra passarinho no céu feito nuvem
e o verbo céu, num rompante de alegria,
transbordará em asas afora, noite e dia
predicados sem a devida liberdade
se libertando
a palavra passarinho no céu feito nuvem
e o verbo céu, num rompante de alegria,
transbordará em asas afora, noite e dia
virgular-se poderá ser uma opção
e ao final do ponto
exclamado ou interrogativo
o espanto do amor
a declarar uma verdadeira e nova intenção
e ao final do ponto
exclamado ou interrogativo
o espanto do amor
a declarar uma verdadeira e nova intenção
palavras perdidas num vocabulário imenso
um dicionário inteiro da solidão
hão de lagrimar em cima do papel
que molhado ao final, não será um papelão
um dicionário inteiro da solidão
hão de lagrimar em cima do papel
que molhado ao final, não será um papelão
sonhar não será mais verbo
será muito mais que isso
uma renovada dimensão
será muito mais que isso
uma renovada dimensão
e o viver, será só para as palavras
pois a gente dessa terra
há de morrer da fome da ilusão.
pois a gente dessa terra
há de morrer da fome da ilusão.
marcelozorzeto
este poema É sobre a dor
mas a palavra Dor não sente
nada.
as palavras apenas MENTEM
e este poema queria muito
Chorar pra valer
e 1 coração em tempos de crise hídrica
leva um tempo pra chover de repente
santa Maria dos poetas perdidos
traZ de volta minha loucura
,que anda de verdade ausente
pois todo poeta é um louco que teima
em querer transformar pedra em gente.
marcelozorzeto
mas a palavra Dor não sente
nada.
as palavras apenas MENTEM
e este poema queria muito
Chorar pra valer
e 1 coração em tempos de crise hídrica
leva um tempo pra chover de repente
santa Maria dos poetas perdidos
traZ de volta minha loucura
,que anda de verdade ausente
pois todo poeta é um louco que teima
em querer transformar pedra em gente.
marcelozorzeto
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
recantos
o pescador, na maré alta, se exime ao mar
troca a cansada embarcação de madeira
pelo infinito e sereno chão da areia da praia
e reza pra Iemanjá pelo sono tranquilo dos peixes
porém a onda que se quebra na pedra
quebra também o sono tranquilo do pescador
mas a fé e o sonhos são inabaláveis
quando se sabe que toda água do mar
vem das lágrimas de deus
marcelozorzeto
troca a cansada embarcação de madeira
pelo infinito e sereno chão da areia da praia
e reza pra Iemanjá pelo sono tranquilo dos peixes
porém a onda que se quebra na pedra
quebra também o sono tranquilo do pescador
mas a fé e o sonhos são inabaláveis
quando se sabe que toda água do mar
vem das lágrimas de deus
marcelozorzeto
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