quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

sem nome

todo poeta anda pelo meio-fio de uma navalha cortante, com o sol efervescente da tarde, pulverizando seus quase sonhos. teima em enxergar um futuro no horizonte que sempre tende a se acabar em pó. levita as fagulhas, voa com anjos de barro, flutua em nuvens de ferro e chumbo. se banha na chuva da morte, no ácido na chuva, vaporiza seu sangue, alquimia do meu sangue... e no paraíso, com o chão em brasa, se arrisca sempre a andar com os pés descalços.

marcelozorzeto

o mundo anda

anda o mundo tão arbitrário
tão sanitário
tão solidão

é mesmo sem sentido
e caótico o mundo-cão
bate forte o meu desejo
e descompassado o coração

anda o mundo tão ao contrário
tão salafrário
tão aflição

no amor, estagiários
sem saber da oração
a metade do rosário
ou um verso da canção.

marcelozorzeto