sexta-feira, 29 de setembro de 2017

ninguém

pedro inácio escrevia textos lindos, cheios de poesia, que ninguém lia, resolveu então transformá-los em música,  belas canções cheias de harmonia, que ninguém ouvia, até que decidiu, num ato de loucura, dançar sua própria música, no meio da rua, numa tarde de sol de segunda, foi atropelado por um eleitor do dória!

marcelozorzeto

42

estou ficando oco
assistindo aos meus desejos
esfarelarem aos poucos...
um eco maluco na cabeça
um vácuo tremendo no peito
implorando pra que algo aconteça
pra que tudo, no fim, se dê jeito.

marcelozorzeto

a vida e a vela

a vida tal qual uma vela que queima,
(velas tão díspares, tão imprecisas)
um corpo de cera em carne que arde impacientemente
e dura o tempo exato que a escuridão suportar o seu fogo, ou
até a primeira janela, que esquecida aberta, sopra e faz da chama fumaça...
porém sei que o fogo, que a consome, é a alegria da transformação...

marcelozorzeto

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

pedaço

quero ser inteiro como a palavra pedaço letra por letra, parte por parte cada som mastigado entre os dentes verso e reverso a despedaçar meu pranto suave nesse mormaço insalubre de cólera, eu canto meu coração de aço... um palhaço triste das manhãs inúteis, sei bem deste mundo o cansaço e a fertilidade ao avesso mas quem foi que pediu pra eu nascer inteiro? pois ninguém nasce e ninguém morre de uma vez, meu bem... pedaço.

marcelozorzeto

terça-feira, 12 de setembro de 2017

hors concurs

rasguei a folha de alface como quem rasga uma carta de amor não correspondida, ou um tratado da ONU ou Tordesilhas. salada dramática, vinagre balsâmico, azeite orgásmico e a vida como uma conserva de ervilhas. ah mon'amour, nosso amor é hors concurs, dois poetas perdidos em uma ilha qualquer do paraíso tropical.

marcelozorzeto

copan

O Copan é um prédio com lordose, mas como ele tá deitado ninguém percebe.


marcelozorzeto

toda dor

toda dor é diferente
tem dor que dói de graça
tem a dor de estar ausente
tem a dor de ser vidraça
tem a dor de ser urgente
tem a dor pela mordaça
da censura impertinente
a dor no coração malamado
mal-amor, mal-me-quer de toda gente.
a dor de se ser o que se é
adorno da alma, minha dor
intermitente.


marcelozorzeto