quinta-feira, 23 de abril de 2009

às vezes longe às vezes perto
o inverso do avesso, meu devasso começo
coração regresso, cansado, calado
vivo e batendo, batendo, batendo

não sei falar difícil, pode ser que seja vício
burrice, ou qualquer coisa assim
todo verbo, ir ou vir
não me levam a lugar nenhum
chegar e partir, já não me fazem mais chorar

hoje e mais além, sei estar ao sol,
ao sul de algum lugar abaixo do equador
barato infinito, raro e claro
se a verdade mente, não minto pra ela
muito menos pra mim mesmo

o céu de cada dia que nos é dado
o pão de cada dia que nos é negado
rasgo, rogo, rego meu jardim em minha cama
por debaixo dos lençóis uma flor descoordenada

gotas de orvalho descem pelas pétalas
e um rio invade meu quarto na maré cheia
céu cinzento em minha boca
bala de caramelo grudada

 marcelozorzeto