todo poeta anda pelo meio-fio de uma navalha cortante, com o sol efervescente da tarde, pulverizando seus quase sonhos. teima em enxergar um futuro no horizonte que sempre tende a se acabar em pó. levita as fagulhas, voa com anjos de barro, flutua em nuvens de ferro e chumbo. se banha na chuva da morte, no ácido na chuva, vaporiza seu sangue, alquimia do meu sangue... e no paraíso, com o chão em brasa, se arrisca sempre a andar com os pés descalços.
marcelozorzeto
Santificados sejam nossos ofensores, assim como nós magoamos a quem nos tem perdoado.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
o mundo anda
anda o mundo tão arbitrário
tão sanitário
tão solidão
é mesmo sem sentido
e caótico o mundo-cão
bate forte o meu desejo
e descompassado o coração
anda o mundo tão ao contrário
tão salafrário
tão aflição
no amor, estagiários
sem saber da oração
a metade do rosário
ou um verso da canção.
tão sanitário
tão solidão
é mesmo sem sentido
e caótico o mundo-cão
bate forte o meu desejo
e descompassado o coração
anda o mundo tão ao contrário
tão salafrário
tão aflição
no amor, estagiários
sem saber da oração
a metade do rosário
ou um verso da canção.
marcelozorzeto
sábado, 31 de outubro de 2015
pergunta
quem você quer impressionar com sua tentativa obsessiva de alcançar a virtude? o mundo? a você mesmo? os dois? o ego? qual a mensagem que você quer passar com a construção de sua "OBRA"? o que você quer provar com essa insistência doentia de se achar importante? o que é exatamente essa busca pelas respostas que você já sabe? quer reconhecimento? fama? dinheiro? quer aparecer na TV? quer ser parado na rua e tirar "selfies" com seus "FÃS"? você quer mesmo ter "FÃS"? e dar autógrafos? é ambição? ou ganância? você se acha especial? com um dom divino? se acha maior do que todos? acha que o que você faz é muito importante? mesmo? você só elogia os mais bem sucedidos? porque? por interesse? eles são talentosos de verdade? então o que é talento? quer uma carona pra alcançar um lugar ao sol? quer privilégios que você ainda não tem? quer levar tapinhas nas costas? quer ouvir elogios pra inflar seu ego? mesmo sabendo que é tudo mentira? tem certeza? está preparado pra ouvir que você não nasceu pra isso? está? mesmo que tenha? em quem você vai acreditar depois? em quem?
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
da série: meus possíveis epitáfios #171
fui um homem-precário, desafinei feio no tempo, semitonei em todos os meus sonhos, todos sem nenhuma expressão. errei a letra daquela canção, de amor, ridícula, mas que eu amava muito. fui um otário. fui um homem-conflito, deixei queimar o arroz das boas intenções e não me encaixei nos detalhes, não. e no genérico fui bem mal visto também. inventei frases, desejos e medos. pior, desejei os medos. preconizei o meu fracasso que já era anunciado. fui um aflito. fui um homem-retalho. patinei no meu caráter. escorreguei no meu humor. abusei da piada pronta. madruguei no feriado. insisti no trocadilho. fui um espantalho. fui um homem-pomba. me chutaram na calçada. e sempre odiei milho de pipoca. caguei em muitas cabeças. caguei em cabeças demais meu deus. fui uma sombra e tudo isso me custou caro. me custou saliva, muita saliva, meu caro. fui um homem-cuspe e me babei todo na vida.
marcelozorzeto
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
não conto com fadas
No sábado de manhã, ele passava de carro pela rua dela. No toca-fitas um Odair José bem alto, quase arrebentado o alto-falante do seu Corcel II 84. Ela na calçada, indignada com o gosto que ela considera brega do rapaz do Corcel II 84 grita: CAFONA
Ele para, baixa o vidro à manivela e despretensioso pergunta: PRA ONDE?
Pronto! Um breve silêncio e todo um mundo de Odair José, Amado Batista e Reginaldo Rossi pela vida a frente a dois. discos na estante e uma vitrola que não parou mais de tocar. Casa alugada, filhos e e muito amor pra dar.
marcelozorzeto
terça-feira, 20 de outubro de 2015
###
são as estrelas de um céu vaidoso, que me encontro às vezes a contá-las, à noite, a cantá-las por através das nuvens. um brilho silencioso, passado meteórico, anjos em cores. um querer alado, pavão melancólico, alarido profético estampado no azul escuro de um céu infinito.
por elas, sou apenas olhares, sou paixão pelos seus ares, e nos meus olhos aos pares as trago.
encanto e serenidade.
entrego-me à cintilante presença de um tempo em que as horas já não são mais...
um sinuoso adeus.
encanto e serenidade.
entrego-me à cintilante presença de um tempo em que as horas já não são mais...
um sinuoso adeus.
o vaidoso céu é um oásis de ponta-cabeça,
invenção nostálgica a preencher os nossos dias de amanhãs
e depois?
invenção nostálgica a preencher os nossos dias de amanhãs
e depois?
marcelozorzeto
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
renascimento
desfrutar o mar
pomar de areias finas
fruta-estrela aos pés do homem
que também se encanta
deleito-me ainda no chumbo das horas
pomar de areias finas
fruta-estrela aos pés do homem
que também se encanta
deleito-me ainda no chumbo das horas
contemplar a dor
uma saudade cor azul-do-céu
são cavalos marinhos pelos campos naufrágios
corais e corações contemplados
entrelaçados na subida da maré
espanto-me na alegria jubilosa de pertencer e estar
uma saudade cor azul-do-céu
são cavalos marinhos pelos campos naufrágios
corais e corações contemplados
entrelaçados na subida da maré
espanto-me na alegria jubilosa de pertencer e estar
respeitar o ir
são as ondas que partem retirantes
e levam o gosto do sal da terra
para o deus do profundo chão
a minha pele é lava e cintilância
meu corpo-maresia adormece vago
repousa num sorriso estandarte
posso agora renascer no eterno do tempo.
são as ondas que partem retirantes
e levam o gosto do sal da terra
para o deus do profundo chão
a minha pele é lava e cintilância
meu corpo-maresia adormece vago
repousa num sorriso estandarte
posso agora renascer no eterno do tempo.
marcelozorzeto
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
a cidade dos meus botões
cidade acelerada
desencontrada
vizinhos invisíveis
amigos divisíveis
café, pastel e solidão
empatia em desatino
entre gente quase-gente
entre máquinas e almas
entre carros e fumaça
uma vida pra se ver
um ano pra se encontrar
corações ocupados
distraídos
de novidade fria e estéril
cidade-rua
muitas ruas
cidade-bar
muitos bares
bêbados na madrugada
em suas buscas incessantes pelo invisível
cidade-pressa
cidade-presa
cidade-pombo-de praça
lixo, milho e insanidade
cidade pluma
concreto e espuma
rios tão sólidos
como os rostos na lotação
cidade-prédio
cidade-céu-não-há
felicidade-um-feriado
assim eu sou
assim eu sigo
entre chagas e signos
saciedade em meus botões.
marcelozorzeto
desencontrada
vizinhos invisíveis
amigos divisíveis
café, pastel e solidão
empatia em desatino
entre gente quase-gente
entre máquinas e almas
entre carros e fumaça
uma vida pra se ver
um ano pra se encontrar
corações ocupados
distraídos
de novidade fria e estéril
cidade-rua
muitas ruas
cidade-bar
muitos bares
bêbados na madrugada
em suas buscas incessantes pelo invisível
cidade-pressa
cidade-presa
cidade-pombo-de praça
lixo, milho e insanidade
cidade pluma
concreto e espuma
rios tão sólidos
como os rostos na lotação
cidade-prédio
cidade-céu-não-há
felicidade-um-feriado
assim eu sou
assim eu sigo
entre chagas e signos
saciedade em meus botões.
marcelozorzeto
passagem
sinto do meu quarto o cheiro farto e ofegante que vem do fim da madrugada
que traz o futuro
que se rasga em presente
que nos livra da noite com os primeiros raios tímidos de sol
manhã sem sutileza, quase capital
a neblina insistente encobre com o cinza o que antes também já era cinza
um novo dia trazendo aquela mesma velha oração
enferrujada pelas horas
os olhos que contemplam o céu azul-chumbo
se enchem de esperança e se fecham finalmente
repouso minha fé e meu corpo
nas cinzas da noite que se foi
foram tempos difíceis eu sei.
marcelozorzeto
que traz o futuro
que se rasga em presente
que nos livra da noite com os primeiros raios tímidos de sol
manhã sem sutileza, quase capital
a neblina insistente encobre com o cinza o que antes também já era cinza
um novo dia trazendo aquela mesma velha oração
enferrujada pelas horas
os olhos que contemplam o céu azul-chumbo
se enchem de esperança e se fecham finalmente
repouso minha fé e meu corpo
nas cinzas da noite que se foi
foram tempos difíceis eu sei.
marcelozorzeto
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
se era
se era tanto que fosse mais
se era mau que fosse caos
se era pouco que fosse louco
se era paz que fosse cais
se era escuro que fosse um muro
se era bomba que fosse sombra
se era eu que fosse um breu
se era tanto que fosse caos
se era mau que fosse louco
se era pouco que fosse muro
se era paz que fosse cais
se era escuro que fosse sombra
se era bomba que fosse breu
se era eu que fosse mais
se era tanto que fosse muro
se era mau que fosse sombra
se era pouco que fosse breu
se era paz que fosse mais
se era escuro que fosse caos
se era bomba que fosse cais
se era eu que fosse louco
se era mau que fosse caos
se era pouco que fosse louco
se era paz que fosse cais
se era escuro que fosse um muro
se era bomba que fosse sombra
se era eu que fosse um breu
se era tanto que fosse caos
se era mau que fosse louco
se era pouco que fosse muro
se era paz que fosse cais
se era escuro que fosse sombra
se era bomba que fosse breu
se era eu que fosse mais
se era tanto que fosse muro
se era mau que fosse sombra
se era pouco que fosse breu
se era paz que fosse mais
se era escuro que fosse caos
se era bomba que fosse cais
se era eu que fosse louco
marcelozorzeto
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
encontrar é estar aberto ao(s) desconhecido(s)
é como dar um passo no escuro
você sente o chão sair do lugar
um momento de suspensão
e de repente nos conectamos com uma nova e surpreendente parte de nós mesmos
o espaço entre o pé que flutua e o chão
é o tempo que dura o medo
um abismo imaginário
é um suspiro de ausência
que em segredo se desfaz
e nos torna mais potentes
viver é se atirar em pequenos abismo diários.
marcelozorzeto
é como dar um passo no escuro
você sente o chão sair do lugar
um momento de suspensão
e de repente nos conectamos com uma nova e surpreendente parte de nós mesmos
o espaço entre o pé que flutua e o chão
é o tempo que dura o medo
um abismo imaginário
é um suspiro de ausência
que em segredo se desfaz
e nos torna mais potentes
viver é se atirar em pequenos abismo diários.
marcelozorzeto
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
para ser lido em voz alta e ficar sem fôlego
adorno o mar fugir à morte amar
a dor no ar voar a sorte azar
calor calar sorrir o forte um par
viver velar ir ver rever o lar
cantar partir sem ter sentir atar
ventar cair sorver sorrir chorar
chover voltar nascer crescer vidar
a dor no ar voar a sorte azar
calor calar sorrir o forte um par
viver velar ir ver rever o lar
cantar partir sem ter sentir atar
ventar cair sorver sorrir chorar
chover voltar nascer crescer vidar
marcelozorzeto
sábado, 19 de setembro de 2015
da minha janela vejo um céu mono-estelar
da minha janela vejo um céu mono-estelar
minha janela vejo um céu mono-estelar da
janela vejo um céu mono-estelar da minha
vejo um céu mono-estelar da minha janela
céu mono-estelar da minha janela vejo um
marcelozorzeto
minha janela vejo um céu mono-estelar da
janela vejo um céu mono-estelar da minha
vejo um céu mono-estelar da minha janela
céu mono-estelar da minha janela vejo um
marcelozorzeto
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
um novo velho amor
dentro do meu peito corre uma nova brisa
sopra leve um doce riacho
treme um sorriso tímido e suave e um coração
pois um amor me bate certeiro na alma
sinto uma alegria transparente de existir mesmo sem me entender por completo presente nesse finito universo da vida
sopra leve um doce riacho
treme um sorriso tímido e suave e um coração
pois um amor me bate certeiro na alma
sinto uma alegria transparente de existir mesmo sem me entender por completo presente nesse finito universo da vida
esse amor pulsa forte, impulsiona
como um rio que rompe represas
arrebenta as comportas
toma seu lugar de direito
e repousa plácido sobre a antiga várzea
como um rio que rompe represas
arrebenta as comportas
toma seu lugar de direito
e repousa plácido sobre a antiga várzea
eu sou agora apenas inundação.
marcelozorzeto
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
retalhos da estação
palavras de açúcar
na língua o palato
saliva na boca
saúva no prato
ao sol de setembro
garapa de cana
engenho de verso
abelha rainha
castelo de nuvens
contente (manhã)
meus olhos desejam
os dentes cravados
em fruta mordida
completos sabores
em meio a sorrisos
nas presas palavras
singelos amores
sem culpa sem dores
marcelozorzeto
na língua o palato
saliva na boca
saúva no prato
ao sol de setembro
garapa de cana
engenho de verso
abelha rainha
castelo de nuvens
contente (manhã)
meus olhos desejam
os dentes cravados
em fruta mordida
completos sabores
em meio a sorrisos
nas presas palavras
singelos amores
sem culpa sem dores
marcelozorzeto
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
imagine o tempo
imagine o tempo sem a gente pessoas sem os rios sem o céu sem os pássaros imagine o tempo sem a dor saudade sem o sol sem a escuridão sem o paladar imagine ele o senhor tempo tempestade sem nossas vidas em suas mãos imagine o tempo úmido sozinho quase louco contando os segundos sob um guarda-chuva preto imagine o tempo já seco se perdendo entre as horas sem poder manipular o destino das coisas imagine o tempo passado fadado ao esquecimento dos dias dos meses dos anos décadas milênios imagine o tempo desaparecendo infinito sem morte sem deus sem mais mistérios.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
terça-feira, 8 de setembro de 2015
desabafo sobre mim mesmo
palavras entre parênteses? de quantas você precisa?
reticências intermináveis, vírgulas desnecessárias
raspas de metáforas, conjunções enferrujadas
preposições despropositadas te servem exatamente para que?
não me venha com as nomenclaturas do seu balcão de ofertas.
o pior analfabeto é quem não entende o sentimento,
na exclamação de um sorriso sincero mora o sentido exato do mundo
mora o meu coração e o seu.
já os olhos, esses podem ser enciclopédias enquanto brilham.
marcelozorzeto
reticências intermináveis, vírgulas desnecessárias
raspas de metáforas, conjunções enferrujadas
preposições despropositadas te servem exatamente para que?
não me venha com as nomenclaturas do seu balcão de ofertas.
o pior analfabeto é quem não entende o sentimento,
na exclamação de um sorriso sincero mora o sentido exato do mundo
mora o meu coração e o seu.
já os olhos, esses podem ser enciclopédias enquanto brilham.
marcelozorzeto
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
tenho saudade
tenho saudade de gente bem simples
café na garrafa, passado na hora
biscoito maisena manteiga e pipoca
tenho saudade bom dia boa tarde
boa noite amizade e sentar na calçada
conversa tão boa em volta da mesa
tenho saudade da mãe preocupada
chamando pra janta cadeira de área
irmãos pra brincar jogar bola e pai
tenho saudade do cair da tarde
da rede esticada livros e varanda
gente engraçada alegria e sorriso
tenho saudade de olhar para a serra
andar lentamente calçada e cidade
molhar os meus pés na beirada de rio
tenho saudade de grilo e cigarra
escuridão ver estrela do cheiro de mato
vaga-lume sereno viola e canção
tenho saudade de cão vira-lata
cafuné no focinho lambuza de baba
rolar no gramado até a escuridão
tenho saudade correr no campinho
jogar pelas linhas de ser artilheiro
abraço apertado na hora do gol
tenho saudade de fruta no pé
fiapo nos dentes bigode de manga
correr marimbondo ferroada que dói
tenho saudade subir no telhado
madrugada escura estrelas milhares
desenhos com nuvens um sonhar que constrói
tenho saudade chuva de verão
roupa suja de barro bicicleta e ladeira
vento no meu rosto criança e quintal
tenho saudade de mim nisso tudo
vida pela frente de ter pés descalços
gramado jardim tramela janela chá quente roseira e jasmim coração.
marcelozorzeto
café na garrafa, passado na hora
biscoito maisena manteiga e pipoca
tenho saudade bom dia boa tarde
boa noite amizade e sentar na calçada
conversa tão boa em volta da mesa
tenho saudade da mãe preocupada
chamando pra janta cadeira de área
irmãos pra brincar jogar bola e pai
tenho saudade do cair da tarde
da rede esticada livros e varanda
gente engraçada alegria e sorriso
tenho saudade de olhar para a serra
andar lentamente calçada e cidade
molhar os meus pés na beirada de rio
tenho saudade de grilo e cigarra
escuridão ver estrela do cheiro de mato
vaga-lume sereno viola e canção
tenho saudade de cão vira-lata
cafuné no focinho lambuza de baba
rolar no gramado até a escuridão
tenho saudade correr no campinho
jogar pelas linhas de ser artilheiro
abraço apertado na hora do gol
tenho saudade de fruta no pé
fiapo nos dentes bigode de manga
correr marimbondo ferroada que dói
tenho saudade subir no telhado
madrugada escura estrelas milhares
desenhos com nuvens um sonhar que constrói
tenho saudade chuva de verão
roupa suja de barro bicicleta e ladeira
vento no meu rosto criança e quintal
tenho saudade de mim nisso tudo
vida pela frente de ter pés descalços
gramado jardim tramela janela chá quente roseira e jasmim coração.
marcelozorzeto
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
coração cão
no meu peito cão vagabundo
coração que vira e mexe me late
latente cão vasto mundo
potente zona de amor e combate
acuado pela raiva, rua dos fundos
bomba e sangue na avenida escarlate
um café bem forte, imensidão, chão imundo
tem sempre na vida a hora do cheque-mate
em meus olhos não permitirei o ódio fecundo
mesmo que o monstro de mim mesmo me arrebate.
marcelozorzeto
coração que vira e mexe me late
latente cão vasto mundo
potente zona de amor e combate
acuado pela raiva, rua dos fundos
bomba e sangue na avenida escarlate
um café bem forte, imensidão, chão imundo
tem sempre na vida a hora do cheque-mate
em meus olhos não permitirei o ódio fecundo
mesmo que o monstro de mim mesmo me arrebate.
marcelozorzeto
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Eta vida besta, meu Deus
hoje de manhã, enquanto lavava a louça da janta de ontem
pensava na vida, na morte e no medo
um passarinho que canta me distrai
o prato ensaboado escorrega das mãos
tento apanhá-lo
corte no dedo
sangue na pia
band-aid e mertiolate
"Eta vida besta, meu Deus. "
marcelozorzeto
pensava na vida, na morte e no medo
um passarinho que canta me distrai
o prato ensaboado escorrega das mãos
tento apanhá-lo
corte no dedo
sangue na pia
band-aid e mertiolate
"Eta vida besta, meu Deus. "
marcelozorzeto
arrepio
O que é um arrepio,
senão uma oração da pele no templo-corpo
território de toque
poros em erupção
pelos ouriçados em ereção
profanação do sagrado
no altar dos desejos
O que é um arrepio
senão o próprio coração
em ritmo de carnaval.
marcelozorzeto
senão uma oração da pele no templo-corpo
território de toque
poros em erupção
pelos ouriçados em ereção
profanação do sagrado
no altar dos desejos
O que é um arrepio
senão o próprio coração
em ritmo de carnaval.
marcelozorzeto
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
canção de Belchior
a minha tristeza é como uma canção do Belchior
um olhar lacrimoso a observar um avião
como medo que ele caia sobre a cabeça da nossa cidade
um olhar lacrimoso a observar um avião
como medo que ele caia sobre a cabeça da nossa cidade
marcelozorzeto
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
manifesto s
abaixo os lábios cinzentos de concreto e ódio...
e que toda palavra proferida saia com gosto de cafuné de mãe
e cheiro de bolinho de chuva com café passado na hora.
marcelozorzeto
e que toda palavra proferida saia com gosto de cafuné de mãe
e cheiro de bolinho de chuva com café passado na hora.
marcelozorzeto
terça-feira, 25 de agosto de 2015
breve cordel da reconciliação
ando calmo pelo avesso e respeitando meus tropeço...
quer tomar um café, prosear e matutar um recomeço?
te dou até meu telefone se quiser, ou quem sabe o endereço
mas calma lá também, pois meu coração não é feito de gesso!
marcelozorzeto
quer tomar um café, prosear e matutar um recomeço?
te dou até meu telefone se quiser, ou quem sabe o endereço
mas calma lá também, pois meu coração não é feito de gesso!
marcelozorzeto
sobre mares e partidas
há corações que partem e a gente emenda
há também os que partem e não voltam mais
numa selva de partidas, por favor, não se ofenda
pois dor e saudade devem permanecer no cais
há também os que partem e não voltam mais
numa selva de partidas, por favor, não se ofenda
pois dor e saudade devem permanecer no cais
para as embarcações, navegar é vital
nesse mar que bate e nunca cessa.
nesse mar que bate e nunca cessa.
marcelozorzeto
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
águas calmas
na mesma pele que sente esse frio de agora
é onde tenho passado minha vida inteira à flor
no amor que transpiro, me refresco
com os poros que transbordam rios lodosos inundando o coração
é onde tenho passado minha vida inteira à flor
no amor que transpiro, me refresco
com os poros que transbordam rios lodosos inundando o coração
o arrepio do toque da maré
o sal na língua molhada
o beijo roubado em Iemanjá
me parecem tão exatos quanto o porvir dos meus sentimentos
que não virão.
o sal na língua molhada
o beijo roubado em Iemanjá
me parecem tão exatos quanto o porvir dos meus sentimentos
que não virão.
marcelozorzeto
domingo, 16 de agosto de 2015
canção de domingo
esse canção é pra você que sai pela porta da frente e nunca mais volta
perde o endereço, esquece o ponto referencial
é uma canção reticente, um pouco de mim, sim, anda por demais bem carente
sem quase nenhum nutriente, quase um biscoito de água e sal
não tem refrão, nem estribilho e a melodia é bem cafona
e neste verso, como sem inspiração, pra rimar, enfio sem fazer sentido, uma canção da Madonna
(Wanting, needing, waiting
pois relembrar o encontro, o encontro que celebra a vida, faz chover na minha aorta
(meu coração hortaliça, tem cheiro verde e alho poró
e tempera minha vida, como se só existisse uma só)
dedico esses versos bregas de domingo
pra você que não sabe por aonde anda
mas se por acaso encontrar minha vó em algum bingo
diga que mando um beijo à dona Vanda
e se ainda por acaso um dia decidir fazer o caminho de volta
pois encontrou o mapa perdido da minha cidade
saiba que o abraço ainda vai sim, ser daqueles apertados, que nunca se solta
pois um dia fomos vizinhos de corpo, de alma e cumplicidade.
marcelozorzeto
perde o endereço, esquece o ponto referencial
é uma canção reticente, um pouco de mim, sim, anda por demais bem carente
sem quase nenhum nutriente, quase um biscoito de água e sal
não tem refrão, nem estribilho e a melodia é bem cafona
e neste verso, como sem inspiração, pra rimar, enfio sem fazer sentido, uma canção da Madonna
(Wanting, needing, waiting
For you to justify my love)
mas por mais que te pareça confusa e inapropriada, essa canção ainda não está mortapois relembrar o encontro, o encontro que celebra a vida, faz chover na minha aorta
(meu coração hortaliça, tem cheiro verde e alho poró
e tempera minha vida, como se só existisse uma só)
dedico esses versos bregas de domingo
pra você que não sabe por aonde anda
mas se por acaso encontrar minha vó em algum bingo
diga que mando um beijo à dona Vanda
e se ainda por acaso um dia decidir fazer o caminho de volta
pois encontrou o mapa perdido da minha cidade
saiba que o abraço ainda vai sim, ser daqueles apertados, que nunca se solta
pois um dia fomos vizinhos de corpo, de alma e cumplicidade.
marcelozorzeto
Diálogo em versos com Gisele Jota sobre um Brasil coxinha
Eu: A nossa moral é de-formação pura
vivemos um momento de fritura
coxinha de ditadura
queres a volta da farda hostil?
és uma criatura imbecil
Ela: Moral frequentemente dura
travestida de candura
elite adormecida (pura?)
jura que sentias falta do vil?
és brasileiro digno de covil
Eu: ai, essa candura gordurosa!
dessa gente duvidosa
eu quero estar bem distante
seja no pensamento que viaja
seja montado num elefante!
marcelozorzeto
vivemos um momento de fritura
coxinha de ditadura
queres a volta da farda hostil?
és uma criatura imbecil
Ela: Moral frequentemente dura
travestida de candura
elite adormecida (pura?)
jura que sentias falta do vil?
és brasileiro digno de covil
Eu: ai, essa candura gordurosa!
dessa gente duvidosa
eu quero estar bem distante
seja no pensamento que viaja
seja montado num elefante!
marcelozorzeto
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
escrevo na contra-mão do futuro
e me sinto como em meus versos
sou piegas, sou também casmurro
nas profundezas me acho imerso
e me sinto como em meus versos
sou piegas, sou também casmurro
nas profundezas me acho imerso
abro mão do meu passado
canto a lua e canto o sol
sou um caipira embasbacado
nesta cidade caracol
canto a lua e canto o sol
sou um caipira embasbacado
nesta cidade caracol
o verbo é meu presente
danço nu na minha tribo
nesse mundo a mim ausente
ser escravo eu não consigo
danço nu na minha tribo
nesse mundo a mim ausente
ser escravo eu não consigo
sobe o tempo devagar
como a ave voa longe
trago no peito meu amar
onde a cicatriz se esconde
como a ave voa longe
trago no peito meu amar
onde a cicatriz se esconde
andorinha em tempestade
relâmpago na montanha
chove forte na cidade
nunca tive pressa tamanha.
relâmpago na montanha
chove forte na cidade
nunca tive pressa tamanha.
marcelozorzeto
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
sexta-feira, 31 de julho de 2015
quarta-feira, 29 de julho de 2015
terça-feira, 21 de julho de 2015
sejamos da poesia ou da tentativa de.
meu precipício
o princípio do voo
me precipito
me precipita o chão
quedar-me
deixar-me cair
um copo
um corpo
cansado e torto
se desenha no espaço
azar desde o início
asas e o acaso
pausar o coração
(meu vício)
na dissonância do verbo
um olhar de estrelas
azul-escarlate
cinza-estranho e escuridão
o princípio do voo
me precipito
me precipita o chão
quedar-me
deixar-me cair
um copo
um corpo
cansado e torto
se desenha no espaço
azar desde o início
asas e o acaso
pausar o coração
(meu vício)
na dissonância do verbo
um olhar de estrelas
azul-escarlate
cinza-estranho e escuridão
marcelozorzeto
rotina
todos os dias o sol me amanhece em silêncio
(quando nubla é pra eu dormir até mais tarde)
depois me entardece em ruídos calados
num coerente carinho de quentura de abraço de mãe
(quando nubla é pra eu dormir até mais tarde)
depois me entardece em ruídos calados
num coerente carinho de quentura de abraço de mãe
depois vem a lua e me anoitece com todo cuidado
adormeço pra me madrugar de sonhos
pré amanheço de estrelas ainda ávidas
do orvalho e cheiro de café fresco e hortelã
adormeço pra me madrugar de sonhos
pré amanheço de estrelas ainda ávidas
do orvalho e cheiro de café fresco e hortelã
o meu tempo sou eu
o meu tempo sou eu e o céu
teimosia da vida
filho da árvore
a minha mãe natureza
sou eu natural do milagre do mundo.
o meu tempo sou eu e o céu
teimosia da vida
filho da árvore
a minha mãe natureza
sou eu natural do milagre do mundo.
marcelozorzeto
segunda-feira, 20 de julho de 2015
sexta-feira, 17 de julho de 2015
confesso que enlouqueço, que tropeço e que padeço, e que me faço de sonso sem nenhum adereço. que me canso de tudo e que me calço aos soluços, de sutilezas adornadas e sensações sem fins lucrativos nesse longo percurso. e que pra acertar o alvo em cheio, com sorte, sem errar nos meus anseios, ou perder o meu próprio norte, é preciso despencar sem medo, subir ao céu da morte, tocar a escuridão com os dedos, num profano e profundo corte, pra me fingir de forte até o dia do meu desenredo.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quarta-feira, 8 de julho de 2015
quinta-feira, 18 de junho de 2015
segunda-feira, 15 de junho de 2015
segunda-feira, 1 de junho de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
São Paulo apressada
nessa pressa sem apreço
não me abraçam
na rua da Consolação
nessa pressa sem apreço
não me abraçam
na rua da Consolação
Precisa-se passar depressa.
precisa-se Passar depressa!
precisa-se passar dePressa?
precisa-se Passar depressa!
precisa-se passar dePressa?
paga-se um preço precioso
por se passar assim, sem afago
sem afeto eu posso me afogar
por se passar assim, sem afago
sem afeto eu posso me afogar
pois então eu penso
folgo
precipito-me
passo-a-passo
pouso
pássaro
preguiçoso
impreciso
fumo a fumaça que mesmo faço
adormeço para sonhar
espero o sol a divagar
e são, como nunca sou
amanheço querendo ser gente
espero o sol a divagar
e são, como nunca sou
amanheço querendo ser gente
tenham paciência por favor
falta paçoquinha, meu AMOR.
falta paçoquinha, meu AMOR.
sábado, 16 de maio de 2015
a liberdade é meu abismo favorito
sem saber pra onde vou, voo
? alguém que me indique direções
a descoberta dos meus limites
me tomou a vida inteira-tentativa de viver
?alguém pronto pra me doar seu sangue estéril
estou perdido em meus próprios valores
eu os inventei, eu mesmo criei a besta
e agora solicito um norte, mais ao sul
um hemisfério quase morto
ser livre é o pior pesadelo
ser livre é morrer antes do tempo
sou palavra apenas
sou um livro congelado
e o amor não salva ninguém.
marcelozorzeto
sem saber pra onde vou, voo
? alguém que me indique direções
a descoberta dos meus limites
me tomou a vida inteira-tentativa de viver
?alguém pronto pra me doar seu sangue estéril
estou perdido em meus próprios valores
eu os inventei, eu mesmo criei a besta
e agora solicito um norte, mais ao sul
um hemisfério quase morto
ser livre é o pior pesadelo
ser livre é morrer antes do tempo
sou palavra apenas
sou um livro congelado
e o amor não salva ninguém.
marcelozorzeto
segunda-feira, 11 de maio de 2015
em cada palavra dita
há um pouco de dente
lábio
língua
gengiva
saliva
hálito
e coração
a palavra dita
é beijo soprado no rosto
ou na nuca
na boca do estômago
com um fonema-soco
em cada lágrima
que escorre a retina
vejo olhos
olho cílios
sinto pele e gosto
sede e sangue
e ferro
em cada olhar
um pouco de alma
calma e terra e céu
chão de pássaros
cantam azul
a cada dia
um pouco de vida
cheia de morte
talvez azar
talvez não
sorte
marcelozorzeto
há um pouco de dente
lábio
língua
gengiva
saliva
hálito
e coração
a palavra dita
é beijo soprado no rosto
ou na nuca
na boca do estômago
com um fonema-soco
em cada lágrima
que escorre a retina
vejo olhos
olho cílios
sinto pele e gosto
sede e sangue
e ferro
em cada olhar
um pouco de alma
calma e terra e céu
chão de pássaros
cantam azul
a cada dia
um pouco de vida
cheia de morte
talvez azar
talvez não
sorte
marcelozorzeto
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Tempo
não há motivos pra tentar entender o Tempo
que deduzo ver passar...
pois sou eu a passar por Ele (e não o oposto)
que deduzo ver passar...
pois sou eu a passar por Ele (e não o oposto)
você Tempo, você e a Sua monstruosa inércia
que me invade e me entope as ideias
com dias e artérias
meses e décadas inteiras estragadas
solstícios, equinócios e carnavais ruins
que me invade e me entope as ideias
com dias e artérias
meses e décadas inteiras estragadas
solstícios, equinócios e carnavais ruins
no passado Tempo, sou eu de lembranças míseras
e futuros que talvez não
no presente, sendo estupidamente invisível
consigo, às vezes, me enxergar
e futuros que talvez não
no presente, sendo estupidamente invisível
consigo, às vezes, me enxergar
estou sempre muito ocupado na tentativa do viver
me esqueço de estar
e não deixo de estar, mesmo sem querer
me esqueço de estar
e não deixo de estar, mesmo sem querer
como um trem sem estação ou paradeiro
o Tempo apenas segue o seu trilho de fio distante
num carretel de vida de todo sempre por onde nasço
passo, morro e me costuro
o Tempo apenas segue o seu trilho de fio distante
num carretel de vida de todo sempre por onde nasço
passo, morro e me costuro
ser só passageiro, só
desde o antes, até o nunca
vago lá
vagueio aqui
vagalumeio por entre luzes
de vida
pra me tornar tempo e nada e mais.
desde o antes, até o nunca
vago lá
vagueio aqui
vagalumeio por entre luzes
de vida
pra me tornar tempo e nada e mais.
marcelozorzeto
quarta-feira, 22 de abril de 2015
sexta-feira, 10 de abril de 2015
Tietê
Como posso ser de um rio tiete?
Esgoto em minha vida
Desgosto a céu aberto
Tietê dos meus dramas.
marcelozorzeto
Esgoto em minha vida
Desgosto a céu aberto
Tietê dos meus dramas.
marcelozorzeto
sábado, 28 de março de 2015
há sempre um grito desesperado de sangue ao se atravessar a avenida de um coração
um cheiro amargo de ferrugem no canto da língua
sentimentos de aorta
um equinócio de saliva
mil saúvas de solidão
marcelozorzeto
um cheiro amargo de ferrugem no canto da língua
sentimentos de aorta
um equinócio de saliva
mil saúvas de solidão
podem as artérias chorar?
e as coronárias em convulsão?
minha jugular caótica
uma carótida exceção
é sina de quem se atropela
sempre que atravessa
a avenida de um coração
e as coronárias em convulsão?
minha jugular caótica
uma carótida exceção
é sina de quem se atropela
sempre que atravessa
a avenida de um coração
marcelozorzeto
beijo da língua
nem tudo o que não é o que parece ser
realmente não é o que parece ser
às vezes é pura dissimulação
cada vez mais acredito em metáforas
e menos em desaforos explícitos.
marcelozorzeto
realmente não é o que parece ser
às vezes é pura dissimulação
cada vez mais acredito em metáforas
e menos em desaforos explícitos.
marcelozorzeto
sexta-feira, 27 de março de 2015
domingo, 22 de março de 2015
quarta-feira, 18 de março de 2015
...e a essa gente sã
que se acha sã
que acredita nisso com afinco
que grita alto sua fé pelas paredes das igrejas
que vive a mostrar atestado de saúde
em reuniões de condomínio
e promete pro espelho de dedos cruzados
a elas, eu desejo que toda sua "razão"
e o delírio estúpido da sua sanidade
caiam por terra como uma trombose hepática
uma necrose isquêmica dos sentidos
um salve pros aviões sem asas
e a crença de que somos
verdadeiramente
seres inteligentes
marcelozorzeto
que se acha sã
que acredita nisso com afinco
que grita alto sua fé pelas paredes das igrejas
que vive a mostrar atestado de saúde
em reuniões de condomínio
e promete pro espelho de dedos cruzados
a elas, eu desejo que toda sua "razão"
e o delírio estúpido da sua sanidade
caiam por terra como uma trombose hepática
uma necrose isquêmica dos sentidos
um salve pros aviões sem asas
e a crença de que somos
verdadeiramente
seres inteligentes
marcelozorzeto
sábado, 14 de março de 2015
quarta-feira, 11 de março de 2015
segunda-feira, 9 de março de 2015
meus tantos planos mortos
por inanição
ideias ressuscitadas, reencarnadas
em um corpo equivocado
meus sonhos todos tortos, remendados
a esparadrapo e contradição
meus prazeres pré-moldados, de gaveta,
reprimidos, nos gritos nunca extravasados
em silêncio com afetos invertidos
são as maravilhas da vida em contrário efeito
nesse anti-horário peito
sou mesmo um antiquado desbunde
com a conta bancária em profunda escuridão
por inanição
ideias ressuscitadas, reencarnadas
em um corpo equivocado
meus sonhos todos tortos, remendados
a esparadrapo e contradição
meus prazeres pré-moldados, de gaveta,
reprimidos, nos gritos nunca extravasados
em silêncio com afetos invertidos
são as maravilhas da vida em contrário efeito
nesse anti-horário peito
sou mesmo um antiquado desbunde
com a conta bancária em profunda escuridão
marcelozorzeto
sexta-feira, 6 de março de 2015
a cura
o louco
a louca
a loucura
todos tem salvação
tem uma cura:
não se manter são
o louco
a louca
a loucura
marcelozorzeto
a louca
a loucura
todos tem salvação
tem uma cura:
não se manter são
o louco
a louca
a loucura
marcelozorzeto
quarta-feira, 4 de março de 2015
suicídio
Não aguentava mais o mundo e num ato de desespero, abriu a janela de seu
apartamento, olhou para baixo e lá se foram 17 andares. Não houve
nenhuma chance pra seu computador.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
receita da vovó
200 gr de auto-piedade
150 gr de solidão
1 lata de puro ódio
1/2 maço de compaixão
2 colheres de chá de esperança
1 quilo de amor ou desilusão
500 gr de coração congelado com o tempo
3 xícaras de dissimulação
Modo de preparo
numa sociedade qualquer, junte todos os ingredientes, bata no liquidificador, leve ao fogo alto do inferno e você verá tudo desandar.
marcelozorzeto
150 gr de solidão
1 lata de puro ódio
1/2 maço de compaixão
2 colheres de chá de esperança
1 quilo de amor ou desilusão
500 gr de coração congelado com o tempo
3 xícaras de dissimulação
Modo de preparo
numa sociedade qualquer, junte todos os ingredientes, bata no liquidificador, leve ao fogo alto do inferno e você verá tudo desandar.
marcelozorzeto
domingo, 8 de fevereiro de 2015
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
refletir pela metrópole que não reflete por si só
marcelozorzeto
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
na rua do amor
na rua do amor, a amargura sempre ultrapassa
deixando pra trás poeira e sorrisos sujos
permaneço saudade, sou todo outono
mas gosto do inverno ou verão com mar
na rua do amor ama-se bem pouco
não se olha o hoje, perdem-se nos amanhãs
sou todo farpas, pele em chamas
parto naturalmente em nuvens
na rua do amor, o amor desfalece
sobra você menos eu, mas éramos nós
quem é de verdade? a arte nua
a vida cruamente insana da cidade sobre mim?
na rua do amor faz-se prédio
só há sombras e remédio amargo
sou todo censura e embargo sonhos
preconceitos pré-históricos
na rua do amor não há rima perfeita
nem clima pra isso
estou só preso a um poste
pelo pescoço, a carne o osso e desespero
na rua do amor agora há tédio
não há drama nem gramado
flutuo... sou ponte, público concreto
coração passeio batimento e rotina
na rua do amor instituíram sentido único
contra-mão, contra a vontade
um cinema fechado, um filme enlatado
desbotado cartaz
na rua do amor moramos todos nós
mesmo adereço cinza-opaco
espero uma carta, me debruço na janela
todos passam sem envelope em mãos
na rua do amor moramos nós
e de amor não entendemos
chove no asfalto, o bueiro entupido
água que sobe, morro sempre afogado
na rua do amor.
marcelozorzeto
deixando pra trás poeira e sorrisos sujos
permaneço saudade, sou todo outono
mas gosto do inverno ou verão com mar
na rua do amor ama-se bem pouco
não se olha o hoje, perdem-se nos amanhãs
sou todo farpas, pele em chamas
parto naturalmente em nuvens
na rua do amor, o amor desfalece
sobra você menos eu, mas éramos nós
quem é de verdade? a arte nua
a vida cruamente insana da cidade sobre mim?
na rua do amor faz-se prédio
só há sombras e remédio amargo
sou todo censura e embargo sonhos
preconceitos pré-históricos
na rua do amor não há rima perfeita
nem clima pra isso
estou só preso a um poste
pelo pescoço, a carne o osso e desespero
na rua do amor agora há tédio
não há drama nem gramado
flutuo... sou ponte, público concreto
coração passeio batimento e rotina
na rua do amor instituíram sentido único
contra-mão, contra a vontade
um cinema fechado, um filme enlatado
desbotado cartaz
na rua do amor moramos todos nós
mesmo adereço cinza-opaco
espero uma carta, me debruço na janela
todos passam sem envelope em mãos
na rua do amor moramos nós
e de amor não entendemos
chove no asfalto, o bueiro entupido
água que sobe, morro sempre afogado
na rua do amor.
marcelozorzeto
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