segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Impaciente

Ando tão sem paciência
pras cores da esperança
pra dançar conforme a dança
pra tentar me manter são

ando tão sem paciência
pra esperar o fim do dia
pra quem é só alegria
de viver de ilusão

ando tão sem paciência
pra comer comida quente
pra morrer tão de repente
ao entrar na contramão

ando tão sem paciência
pra entender minha agonia
e esperar que a água fria
põe abaixo meu tesão

ando tão sem paciência
pra costurar o corte
pra tentar achar o norte
pra me encher de grão em grão

ando tão sem paciência
pra urgência
pra ciência
indulgências
penitências
e também religião

ando tão sem paciência
pra vida
pra morte
pro tédio
pro medo
coragem
e quem tem opinião

pra existência
aparência
coerência
reticências
...
pra achar a solução

ando tão sem paciên...
não.


marcelozorzeto

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sonhos

Noite passada, Deus veio até mim num sonho e disse: "Bicho, eu não tenho nada a ver com seu destino e felicidade, cada um cuida do seu. Se vira malandro." Ah, ele se parecia muito com o Raul Seixas.

domingo, 24 de novembro de 2013

amenidades

O que se acaba de repente, termina na pressa do tempo que se faz impiedoso, inquieto, ausente.
da sombra que fui ou que sou nada sobra e a beleza é só uma fantasia da idade que se vai - vaidade.

cada corpo que se despede leva também uma parte de mim, uma pitada de pele e duas de coração.
deve ser pra eu me encontrar no caminho de volta, que ficam os rastros, pois a saudade, por ventura, sempre vira cinzas. uma porção de "nãos" que insisto em colecionar, torna a despedida, mansidão, e a ausência, para quase todos, um favor quase sem igual.

marcelozorzeto

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

com a manada

pra que ficar procurando o caminho se todos já sabem a direção? olha esse amontoado de gente aí, correndo, quase se trombando, basta seguir o fluxo. pra que a dúvida? a dúvida corrompe, basta ter fé. pede que acontece... e ela, coitada, gastou muito tempo pensando no que deveria ser, quando na verdade já tinha sido fazia tempo. já veio ao mundo sendo, por imposição, mas aí então, já era!! disseram, as coisas são tão simples e ela vive problematizando cada porção de certeza, que besteira! rotularam-NA.
a solução tá aí, na cara de todos, estampada nos sorrisos cariados, nas capas de revistas, nos bares caros, no oprimir os mais fracos, e ela ali insistindo em olhar pelas entrelinhas. tentando analisar o contexto. pra quê isso? o invisível é invisível e ponto final, ninguém tá nem aí pra ele. ninguém tem tempo. ninguém tem saco para as coisas não rentáveis, e sem uma boa renda ninguém... né?

o ordinário mundo onde orbitamos... as ruas e seus carros, as lojas iluminadas, é trabalho, casa e fim de semana no shopping com as crianças, no parque com as crianças, sempre bem mal educadas por sinal. mas pra que insistir nisso? ela não ganha nada com isso. chata demais. Insanidade pura. E o lugar dos insanos é a margem. melhor parar agora, alguém sussurrou, isso pode ser o seu fim. pare agora antes que criem uma lei que...
marcelozorzeto

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

sobre viver

Ninguém sabe nada
sobretudo
sobre viver
apenas sobrevivem
 
marcelozorzeto

versos

quero e sou teu verso
me escreva quando quiser,
sou tua tinta também,
me rabisca em papel de pão,
mesmo sem inspiração
me faz de rima,
ou mesmo de lima pra tuas arestas
me diz silaba por silaba,
entre dentes e língua
lábios, saliva as palavras inventadas na hora
me canta pro sol, me grita no meio da rua
solta o verbo aos berros
e inunda esse mundo da lua
mundo imundo de mim sem você
viaja comigo num poema qualquer
só nosso
nossa poesia de domingo no sofá da sala.

marcelozorzeto

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

impulso poético

Eu pensei em escrever um poema muito, mas muito bonito neste momento;
mas não me veio nada.
Minhas sinceras desculpas.


marcelozorzeto

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

encontros

Que todo o afeto não se dilua com o tempo (desejo). Mas se ele se diluir (vida), que os resíduos contaminem todos os corações e nos envenenem de vontade de nunca nos perdemos pelo caminho a sós. Que a arte nos una e nos transforme num só movimento. O movimento humano do encontro. A arte do encontrar-se. No outro e em nós mesmos.

marcelozorzeto

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Instinto de sobrevivência

Eu me afasto quando o mar tá bravo
quando o fogo é alto
quando não tenho ar

eu me afasto quando o tombo é grande
quando o rio é fundo
quando o leão tá solto
quando a altura é insuportável pra minha vertigem

Eu me afasto quando o aperto de mão é frouxo
quando não me olha nos olhos
quando o abraço é vazio e vago

Eu me afasto quando sinto que a vida pede outro rumo
o risco?
- Ah o risco!
viver já é arriscado pra cacete.
amar é o único risco que vale.

marcelozorzeto

terça-feira, 27 de agosto de 2013

experienciando

Me vejo no outro, mas não em mim mesmo
Seria engraçado se fosse engraçado
Quando me olho, o real se afunda
E sobram apenas rascunhos e retalhos do cara que sempre quis ser.
Tédio


marcelozorzeto

sábado, 24 de agosto de 2013

eU SEI, MAS NÃO DEVIA.

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(1972)

Marina Colasanti
nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

http://www.releituras.com/mcolasanti_eusei.asp

contato

Ao ver a cidade
Veracidade

Ao vir à cidade
Voracidade

marcelo zorzeto

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

memória

 Não fossem fotos e vídeos, o passado nunca teria existido. 
As lembranças se perdem pelo tempo!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A morte deveria se chamar fim da morte.

de frente

dentro do peito
escorre uma oração

o escuro da noite bate
e não sinto o chão

na lágrima
que percorre o coração
encerro a noite

num canto perdido
assim
tateando na fumaça
cerração

marcelozorzeto

domingo, 11 de agosto de 2013

Nuvem

do portão de casa até o mundo
é o tempo do meu silêncio
um quintal de areia e céu
onde piso os pensamentos
distantes do chão ou não
é onde estou e onde cresço
do meu sol vejo a janela que brilha
e da dor é o que mais me esqueço



marcelozorzeto

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ismália

Ismália não é mais a mesma
agora quando enlouquece, sai por aí bêbada
toma Prozac com vinho Chapinha
paga o analista com dinheiro da mãe
sobe na torre da Vivo só pra fazer um charme de doida
e só não pula por medo de não morrer e não acreditar no SUS
marcelozorzeto

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

...

quando ela se viu diante do primeiro abismo
gritou ao Mundo em vão
e acordou cercada de sóis e lençóis e aspirinas

marcelozorzeto

quarta-feira, 31 de julho de 2013

reverberações

entre o choro e o grito
o infinito
a vaidade despedaçada em lágrimas
ecoa pelo quintal do ator
o corpo e o palco
o salto, um empurrão
ponte abaixo vai a eternidade de um momento
fica a nudez mais bela que já inventamos
entre o choro e o grito
fico eu infinito

marcelozorzeto

quarta-feira, 24 de julho de 2013

a palavra

a pá lavra chão e céu azul
nasce agora um poema grão - totalmente nu
a pá lavra livros para sermos livre
(palavra, meu convés de embarcação)
o meu verbo é vão onde semeio os versos
que ao alcançar apenas aos olhos
hão de permanecer dispersos.

bato as asas feito passarinho
carrego no bico semente
germino flor no meu ninho
cresço em alma
vivo amores reticentes

no Morro da esperança perdida
tem sempre um perdão de mãe pra se rever
natureza morta,
natureza esquecida
que nos dá à vida e também nos faz morrer.

marcelozorzeto

quinta-feira, 18 de julho de 2013

viagem em mim mesmo no espaço outro

em dissonância anunciei a salvação, a minha
não me ouviram o grito
ou o viram secar
e sequei o meu pranto e pronto
de nada adiantou o atraso do meu tempo – chuva forte aqui

vou começar de novo / recomeço
em ressonância estou salvo agora
olhei pra mim no espelho, quebrado eu sei, eu, meu próprio espelho
a imagem distorcida – torcida – me dilacera. cera. era. sol

Caio Recomeço Ando Flutuo e Vou
em discordância não há salvação
a arma e o tiro me atingiram – tingiram meu corpo de verde-longe
no Coração Amanheci Fênix ao avesso

mas perdi as cinzas das asas – era madrugada – era cinza

abandonar-me por inteiro
morrer da cabeça aos pés
observar alma e o espírito eu
voam de mãos atadas – pra onde? De?

senso - sem soul - Sou só Sensibilidade de hoje
atemporal
universo
renasço amor
transbordo
divido
centro de mim – eterno – etéreo

as ondas de rádio, para sempre, vagam pelo espaço. Nos falta uma sintonia mais delicada.

marcelozorzeto

epitáfio

Não quero que ninguém me engula. Prefiro que me mastigue, 32 vezes e depois me cuspa.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

definição de arte

Durante a janta:
Ele - Vó, o que é arte?
Ela - É quando tem um monte de quadro velho pendurado na parede, meu filho.
Ele - hãããã...
E enchem a boca de feijão.

marcelozorzeto

 

Tecelagem de impressões retardadas de um processo de impressões ainda em processamento

Mas e quando as palavras não traduzem os sentimentos?
O peito que quase arrebenta
O ódio nos olhos do amor perdido, ex-amor
A angústia
A fé ou a falta de
A suspensão e o momento de quase deus

Palavras não passam de tentativas, às vezes assertivas, quando a dor ou a alegria flutuam na superfície de nós. É difícil dizer o que sinto.
Posso ver os pelos ouriçados, à flor da pele – verborragia ao toque dos dedos
Elas, minhas palavras, são sopros de minha ingenuidade talvez
São apenas o rascunho da escuridão que há dentro de mim
Não há como me expressar por inteiro. Não consigo!
Completo DESEJO que não realizo num mundo de fonemas imperfeitos

Sou corpo e mente e consciência
E uma coleção inaudível de vontades
Nem eu mesmo as escuto por vezes
E basta um olhar, um sorriso sincero, e o enigma se desfaz
Uma enciclopédia sem uma letra sequer
Fonemas metafísicos
A arte que vem do silêncio da voz
O ar te falta? Grito.

marcelozorzeto

terça-feira, 9 de julho de 2013

Relatos de quando a ficha começa a cair ou a tentativa frustrada de tentar sintetizar o coração


Uma bomba um bar uma oração um bobo
Frisson frisson free som frição
a memória que não se tem do ontem
o imemorável
saudades do amor
whisky/cerveja/leite – eu gosto de leite
perdeu a família, não foi culpa de quem? deus
adeus ao som de lágrimas - coreografia dos olhos vermelhos
espera - espera ---------- esperança
experienciar
foi-se quem tinha que ter ido
a mágica maleta mágica
gritos que aquecem xícaras de café/alma/garganta
decepção
amor/beijo/escuro - há esperança no amanhã
tudo é hoje antes do fim – antídoto fim
que fim? apocalipse - você acredita que o mundo vai acabar?
o tiro que não sai
o futuro? quem leu? Assume
engasga na garganta - Le parapluie
a diva no divã - divino
puta putinha
tapa na cara - dói em quem bateu
cacos de pudor pelo chão do palco - pau oco
fingir não satisfaz - vivo - vi e ver . . .ei de novo...
corre - corre - cor - quero
eu sei como são essas coisas - não sabe
o abraço forte no fim
a coxia da magia
vultos e silêncio
"I wanna shelter you"
o som do cigarro aceso me enternece
olhos que brilham
adeus? ah deus! não...
come as you are
fumaça  - esboço do fim
radiografia da arte -  ar, te amo...
sua - canta cantos - não desafina nem a pau (tinha medo)... choro (eu)
whisky is over
correr correr - coração - de
brincar de mulher - cola/dedo/unha/verdade
choro de novo
olhos pintados - lápis preto * cor de várias vidas
Brigitte? - mas ela ainda está viva!!! risos
o abraço em desequilíbrio
o nariz vermelho na corda bamba (frevo francês)
poesia poesia poesia - narizes barulhentos na plateia
o diretor que não dirige as lágrimas - épico
come together over us
1 2 3 4 5 e 6
agradece - agridoce - tempero nas têmporas do ator
doa dor
tempo de mudar
saldo de tudo
saudade e sal
nos olhos
amor incondicional
em condicional
adoro compartilhar o céu com gente que sabe voar...
bbeijoss.adocica.com

segunda-feira, 1 de julho de 2013

CRÔNICAS FRESCAS DA LIBERDADE (BAIRRO)

É ESCURO
É SOCO NO ESTÔMAGO
A LEI É O PODER NA RUA
O POVO QUE DORME INSONE
SE ESQUECE DE SONHAR
O HOMEM QUE APANHA E CHORA
FARDADOS QUE BATEM SEM PENA
UM CHUTE NO DOENTE IMAGINÁRIO E CAÍDO
O HOMEM CORRE, SEGUE A CENA
E OS MEUS OLHOS TEIMAM EM ASSISTIR
DESAPARECEM NA NOITE NUBLADA DA LIBERDADE
O SONHO SE TORNA PESADELO SIM SENHOR

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Lombardiando

Eu: E há de chegar o momento em que entenderemos que a gramática é imprecisa e o verbo viver, conjugado na primeira pessoa, só pode ser usado no presente do indicativo.

Ele: O meu futuro do subjuntivo sempre teima em duvidar dessa verdade.

Eu: Cada um é sujeito de seu próprio verbo.

Ele: Ando prejudicado, sem predicado, nem verbo de ligação.

Eu: Faltam-me interjeições!

portas

As portas, mesmo imaginárias, quando abertas, devem ser fechadas!
Mas só as portas, não a imaginação!
 
marcelozorzeto

quarta-feira, 12 de junho de 2013

verbo

E há de chegar o momento em que entenderemos que a gramática é imprecisa e o verbo viver, conjugado na primeira pessoa, só pode ser usado no presente do indicativo.

salve poeta

Poesia é quando o poeta escreve algo absurdamente pessoal sobre si, mas quando a gente lê, a gente tem certeza absoluta que foi escrito pra gente.

sábado, 8 de junho de 2013

CORagem

e qual o problema se o real for menos plausível do que o abismo em que nos atiramos de cabeça? quando souber o momento da minha partida, prometo não dizer nada a ninguém, gosto de surpresas, são tão necessárias como um lugar pra chamar de seu. se haverá anjos a segurar minhas mãos, se a terra vai se abrir em chamas sob os meus pés incrédulos, não sei!

então vem enquanto é tempo, vamos aquecer nossas vozes e corações, celebrar o não celebrável
e cantar desafinado, fora do tom. são os olhos que brilham que nos fazem atravessar a ponte. o que nos espera do outro lado do rio não é importante, pois a água que passa sempre leva consigo um pedaço nosso no tempo.

no sonho de ontem a noite, havia um amontoado de gente, uma mulher morta, lindamente vestida de branco, de pele cinza e cabelos pretos, flutuava e ao atravessar a multidão e meu corpo, me tornou parte indivisível de sua história pra sempre. a partir de agora, vou caminhar sem medo, pois sou dois ou mais.

marcelozorzeto

quinta-feira, 23 de maio de 2013

anomalia

Se você flerta com a lua,
conversa com o sol,
sorri com o vento
e dança com a chuva,
não, você não está louco
apenas sofre de poesia aguda.

domingo, 19 de maio de 2013

dinheiro e arte

A arte de ganhar dinheiro pode fazer da arte mero capital, capitalizar os sentimentos, vender as ideias, os ideais. me dê alguns trocados e posso te emocionar, mais alguns trocados e finjo que choro. sinto a dor que deveras finjo. a tela em branco e mais um rei está nu, vejam que lindo sua roupa.

ator, bancário, motorista, bailarino, doutor esmerando-se pra ganhar o mercado, o super mercado.
mais um edital e minha vida se resolve. 
uma maçã mordida "hightech" e agora sou feliz. quando o dinheiro é meta e não consequência, o sentido se desfaz, disse uma voz na minha consciência.

por alguns minutos eu penso em desistir, talvez eu já tenha desistido. eu sempre estou errado mesmo.

marcelozorzeto

vívida

Da dádiva da dúvida
à dívida da vida
duvidando
dividindo
densamente
a total ausência da certeza

 


marcelozorzeto

sexta-feira, 26 de abril de 2013

líquido

sob a ponte, rio

sobre ela, choro
a lágrima que escorre e toca a corrente

a gravidade da ponte atravessa seu leito pelo meu rosto

salto
corro pelas águas
por léguas
o mar me espera
ser um só
meu mar
oceano
partícula
particular
ser líquido outra vez
choro
soro
vida em poros

marcelozorzeto

sábado, 20 de abril de 2013

de sempre em quando




De sempre em quando, quando te vejo diariamente
enquanto te beijo, me encanto
canto me com uma certa clareza que me anda ausente
a melodia guardada no tempo em que eu ainda não era
às vezes, faço as vezes de sentimentos abstratos, e me tranco em caixas
de sapatos, guardadas no fundo do armário
mas visto roupas de verão e me pego dançando no meio da rua de repente
não é todo dia
só de sempre em quando, quando te vejo diariamente.

marcelozorzeto

Mc dia feliz?


Hoje na rua, vi uma criança que pedia comida
Sentada à porta do Mcdonald’s
Eu sabia que havia alguma ironia na cena
Talvez uma piada de muito mal gosto
Uma espécie de Cantiga de escárnio social, quem sabe
1 big Mac + 1 coca + fritas
1 criança com fome
Mc lanche feliz?




marcelozorzeto