Santificados sejam nossos ofensores, assim como nós magoamos a quem nos tem perdoado.
sexta-feira, 31 de março de 2017
Gritos - Cia dos à deux
não é de saudade que se trata. não é... pois as palavras não me atingem, não chegam à minha fonte. não há palavras. elas são apenas silêncio e a eternidade só. a saudade inaudível, e saudável, é sequer mencionada. os sonhos esquecidos sim, isso fica claro. lembro-me dos pesadelos que eu ainda vou ter. dos pecados que ainda vou cometer. uma morte, duas mortes, três mortes em sequência. não tem fim. tentam me contar da barbárie que é coexistir. dos muros que nos atravessam. das cabeças perdidas do outro lado da cerca. daquilo que fica no varal, pendurado, quando nós nos vamos. da violência que é o nascer sem pedir. eu ouço e já que quero gritar. não grito. dói.
(não é de Monteiro Lobato)
- Mas Visconde, o que acontece com o amor do ser amado, depois que ele morre? Existe um plano pra isso?
- Emília, pois como você bem sabe, o amor é como a linha do tempo, não se dissolve. Então o plano é continuar amando em outro plano. É só aguardar sua vez e pronto...
marcelozorzeto
- Emília, pois como você bem sabe, o amor é como a linha do tempo, não se dissolve. Então o plano é continuar amando em outro plano. É só aguardar sua vez e pronto...
marcelozorzeto
3 da madrugada
dirigia seu carro azul pela madrugada. avistou o sinal vermelho. parou. eram 4 da madrugada. olhou para os dois lados da avenida cinza. não viu nenhum automóvel. esperou. esperou. esqueceu. esperou... luz verde no olhar. pisou vagarosamente no acelerador prateado. atravessou sem pressa a cidade já amarelada. ouvia Debussy. era sexta-feira.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quinta-feira, 30 de março de 2017
ECT
e agora um poema
sem dó
sem dó
sem compaixão
nem pena;
se o amor que você sente
depende de correspondência
sinto em dizer,
mas talvez o correio nunca lhe apareça!
marcelozorzeto
nem pena;
se o amor que você sente
depende de correspondência
sinto em dizer,
mas talvez o correio nunca lhe apareça!
marcelozorzeto
terça-feira, 28 de março de 2017
toda flor
toda flor se frustra e sofre do caule a raiz e não consegue suportar o seu corte. arrancada pra servir de agrado ao sentimento, embora sensível e forte, não entende como se pode pagar o amor que se diz que se sente, com sua delicada morte.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
Solange
Solange, minha prima, me pediu dinheiro emprestado duas vezes. A primeira vez me disse que era pra comprar frasconetes de Eparema, a segunda, disse ela, era pra inteirá o valor da conta da luz. Tinha problemas de fígado eu acho. Gostava muito de fanta uva.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
o dia
O dia não tem o menor compromisso com o que a noite sonha, me disse certa vez uma tarde qualquer.
marcelozorzeto
eu te amo
Então um dia você diz "eu te amo" sentindo cada fonema e descobre que é assim que se controla o tempo. É bem raro, mas pode acontecer...
marcelozorzeto
marcelozorzeto
23 de maio
na 23 de maio do meu coração pulsante, o sangue vermelho, a tinta escarlate a colorir o cinza dos dias coxos. minhas artérias, minhas regras...
marcelozorzeto
marcelozorzeto
quarta-feira, 22 de março de 2017
eis o amor
amor é Roma ao contrário e também romã (~). a primeira não conheço, só sei que pegou fogo um dia, e a segunda se faz um chá de gosto duvidoso... eis o amor!!!
marcelozorzeto
cutuca
cutuca com a unha comprida, tenta achar a ponta da fita adesiva (Duréx) arranca essa casca que chama de rosto. Agosto. toca com a ponta da língua e sente o gosto do sangue que se chama palavra. aproveita e grava com o coração o meu endereço. agradeço.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
terça-feira, 21 de março de 2017
cheiro do dia
só quem já testemunhou um nascimento de sol sabe o cheiro que o dia tem.
marcelozorzeto
marcelozorzeto
sábado, 18 de março de 2017
prendi a respiração
prendi a respiração para não perder o verso, em seguida atravessei a rua, entrei num bar e pedi um café. era sábado e o sol riu de mim...
marcelozorzeto
sexta-feira, 17 de março de 2017
a morte
não quero falar da morte que te assusta, pois essa você não irá viver
falo da morte que te custa... o dia, o tempo, a sombra sem você resistir
a morte das flores no outono, ou da noite escura ao amanhecer
do sol no cair da tarde, de um sorriso ingênuo de criança ao se ferir
não há destino mais fiel que o fim de cada coisa que teima em existir
mas o fim não me preocupa e sim a chuva rala que insiste em molhar
todo o meu longo caminho, e me enxarca o corpo já cansado de cair
a nossa morte, minha gente, é diária, tal qual a vida que tenho que levar.
marcelozorzeto
falo da morte que te custa... o dia, o tempo, a sombra sem você resistir
a morte das flores no outono, ou da noite escura ao amanhecer
do sol no cair da tarde, de um sorriso ingênuo de criança ao se ferir
não há destino mais fiel que o fim de cada coisa que teima em existir
mas o fim não me preocupa e sim a chuva rala que insiste em molhar
todo o meu longo caminho, e me enxarca o corpo já cansado de cair
a nossa morte, minha gente, é diária, tal qual a vida que tenho que levar.
marcelozorzeto
as mesas de bar
Com um lápis na mão corro todos os riscos
solto pelas páginas em branco da minha vida
sem freio, sem volta - escrevo versos que não cobram impostos.
amo as mesas de bar e panetone de frutas e não preciso de compreensão.
marcelozorzeto
solto pelas páginas em branco da minha vida
sem freio, sem volta - escrevo versos que não cobram impostos.
amo as mesas de bar e panetone de frutas e não preciso de compreensão.
marcelozorzeto
terça-feira, 14 de março de 2017
te fiz uma canção
Te fiz uma canção que fala do tempo, mas não conta as horas, não vigia os dias. Uma canção sem data certa, sem hora... pra dormir, ou acordar. que simples como é, espera as estrelas assentarem no que há de eterno no céu escuro. Uma canção sobre o tempo, sem passado ou futuro. Uma canção de presente cravada no peito. no jardim dos minutos que contam, e segundos que correm, fecunda é a terra que anoitece para geminar o que sou. seu ser bem semelhante...
marcelozorzeto
marcelozorzeto
é sempre
É sempre o mesmo verso
A mesma estrofe
O mesmo poeta parado na praça
Amarrado num poste
É sempre o mesmo sangue
O mesmo abraço frouxo
As vésperas do ódio fácil
É sempre o mesmo grito
A mesma dor matinal
Que faz as manhãs adoecerem.
Observe os dias com sol.
marcelozorzeto
A mesma estrofe
O mesmo poeta parado na praça
Amarrado num poste
É sempre o mesmo sangue
O mesmo abraço frouxo
As vésperas do ódio fácil
É sempre o mesmo grito
A mesma dor matinal
Que faz as manhãs adoecerem.
Observe os dias com sol.
marcelozorzeto
segunda-feira, 13 de março de 2017
poesia
corte uma palavra ao meio, qualquer palavra, rasgue-a de uma ponta a outra. se sangrar, é poesia.
marcelozorzeto
desaguar
a minha mágoa morre à míngua em minha língua,
tua anágua em meu pescoço me saúda,
num esboço de saúva tenho ínguas,
corre água em meu mamilo moribundo,
um marimbondo em maremoto me deságua.
tua anágua em meu pescoço me saúda,
num esboço de saúva tenho ínguas,
corre água em meu mamilo moribundo,
um marimbondo em maremoto me deságua.
marcelozorzeto
domingo, 12 de março de 2017
aprendendo a recusar papéis
existem esses papéis, todos pré-estabelecidos. todos recebemos uma espécie de script da vida com as falas e a rubrica das cenas. quem tem que fazer o que e quando... personagens bem rasas, geralmente cachês bem ruins ou vulgares. diretor exigente, autoritário, medíocre e egoico. filme clichê... comédia de mal gosto ou dramalhão paranoico. no geral, participamos pela falta de opção ou mesmo sem nos perceber em cena. não é tão fácil recusar esses papeis, e se assim o fizer, eu provavelmente serei mal visto por isso... toda vida é uma saga? diria que sim, mas quase nenhuma história vivida por mim foi escrita por e para mim. aprendendo a recusar papéis. aprendendo a recusar papéis. aprendendo a recusar papéis...
marcelozorzeto
marcelozorzeto
sexta-feira, 10 de março de 2017
quinta-feira, 9 de março de 2017
quinta-feira, 2 de março de 2017
a novidade
há um certo desejo pelo novo, espera-se a novidade com anseio, uma contra-monotonia, como se ela, a novidade, fosse a salvação para as nossas almas tão vazias. mas via de regra, a novidade também é vazia, pois é feita as pressas para suprir a demanda do desespero e o tédio diário. veja o antigo, o velho, ele é consistente, amadureceu e não amarra mais a boca ao ser mordido. observe os maracujás e os livros de páginas amareladas.
marcelozorzeto
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