terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

folia

a frase imperfeita 
feita imprópria
quase doce
quase frase
quase dita
em silêncio
ao pé do ouvido
ao pé da cama
ouriça a minha pele
enrijece os meus mamilos
saliva e deleite

o gozo assimétrico
a libido a me roçar por dentro
a vírgula ereta que provoca a pausa
o estampido final
fluidos intercalando corpos

e o meu coração, bateria
repousa alegre na avenida
nos teus braços de carnaval

marcelozorzeto

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

morte do tempo

não concordo com o mundo que me ignora
discordo do tempo, meu inimigo íntimo
espero a morte de braços abertos

nasci do avesso
não sou artista, anarquista, adventista
sou apenas átomo e éter

a verdade me incomoda muito mais do que a ausência dela mesma
plural e singular
denominador em comum
incomum ser

ser é raro
é muito mais caro ter
custa-me o tempo
custa-me o mundo
custa-me a dor
mas a morte não

a morte é o fiado que nunca pagamos
é crédito vitalício em silêncio e escuridão
o supra-sumo do nada
o azul pintado pra não durar mais que o necessário

há muita tristeza na alegria dos ignorantes
vou ignorar a verdade
venero a indubitável dúvida
sou feito inteiro de partes do nada
do absoluto nada

marcelozorzeto

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012